RESENHA: A Guerra Dos Tronos

SINOPSE: “Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, aceita a prestigiada posição de Mão do Rei oferecida pelo velho amigo, o rei Robert Baratheon, não desconfia que sua vida está prestes a ruir em sucessivas tragédias. Sabe-se que Lorde Stark aceitou a proposta porque desconfia que o dono anterior do título fora envenenado pela manipuladora rainha – uma cruel mulher do clã Lannister. E sua intenção é proteger o rei. Mas ter como inimigo os Lannister pode ser fatal: a ambição dessa família pelo poder parece não ter limites e o rei corre grande perigo. Agora, sozinho na corte, Eddard percebe que não só o rei está em apuros, mas também ele e toda a sua família.

Quem vencerá a guerra dos tronos?”

Como uma pessoa aficcionada por mitologia, por coisas de aspecto medieval e aventura, eu não pude deixar de me interessar quando vi um comercial do seriado Game of Thrones na HBO.

Assisti o seriado e, como eu já imaginava, me apaixonei. Agora que li os livros, percebo quão pouco trabalho os roteiristas realmente tiveram: a genialidade está no autor. George R. R. Martin foi escritor e produtor de filmes e séries por um longo tempo em Hollywood, e definitivamente desenvolveu uma afinidade muito grande com a escrita. Suas descrições são detalhadas sem serem cansativas (o que acontece frequentemente nesses livros de aventura épica), seus personagens são cativantes – mesmo aqueles que você detesta – e as tramas que se unem em uma só são todas absolutamente críveis e desenvolvidas com maestria.

O livro começa quando o Mão do Rei, Jon Arryn, falece de modo suspeito e algumas pessoas – como a cunhada do Lorde Eddard Stark, Lysa Arryn, viúva do Mão – acusam os Lannister pela morte dele. Os Lannisters são ricos e poderosos, por isso não podem ser acusados publicamente sem provas, e Lorde Stark e sua esposa, Catelyn, logo começam a buscar por essas provas. Para poder proteger o rei melhor, e reunir as evidências necessárias, Lorde Stark aceita o pedido do seu amigo, Robert Baratheon, rei de Westeros (reino fantástico em que a história se desenvolve), para assumir o cargo.

O livro trabalha bastante com simbologia. Por exemplo, Lorde Stark encontra uma loba gigante morta na floresta, e ela tinha seis filhos – assim como ele. Cinco para os seus filhos legítimos, e o sexto, albino e de certa forma excluído pelo resto da manada, para o seu filho bastardo Jon Snow. Os lobos desenvolvem personalidades semelhantes às de seus donos e, em alguns momentos da narrativa, você começa a se perguntar se as vidas deles não estão entrelaçadas. Isso já seria estranho se o símbolo da família Stark não fosse um lobo gigante, não é?

Outras questões que o livro explora são a honra, fidelidade e intrigas, coisas que estão presentes no nosso dia-a-dia e na nossa política – que é importante porque o livro, de certa forma, se desenrola em torno da política de Westeros. A última série que eu li que explorou tão bem os temas foi Harry Potter.

Mais uma coisa que me chamou a atenção foram as estações. Enquanto no nosso mundo elas possuem um tempo pré-definido, de três meses cada uma, no mundo criado por Martin, ninguém pode prever a duração das estações. O livro começa durante um verão que dura dez anos, e quando esse verão começa a declinar, e as previsões para o inverno começam, todos alertam que o inverno durará mais tempo.

O inverno trás mais do que apenas frio e neve; ele trás a morte das plantações, do gado, de muitas das pessoas que vivem em Westeros e, pior ainda, a promessa de uma invasão de todas as coisas que ficam além da Muralha ao extremo norte do reino. Não são só os selvagens, mas também os Outros, como os caminhantes brancos – mortos reanimados com um desejo por matar.

E mais um fator atraente do livro, ao menos para mim, são os dragões. No livro, eles sempre existiram e estavam extintos. O rei antes de Robert Baratheon, Aerys II Targaryen, tinha esqueletos de dragão em seu salão, e o dragão sempre foi o símbolo de sua família. O rei Aerys era louco, e é morto por Jaime Lannister – irmão da atual rainha, Cersei Lannister, suspeita pela morte de Jon Arryn. Os seus filhos, Viserys e Daenerys, são os últimos “dragões” vivos, porque são os últimos de sua família. Ao se casar com o líder de uma tribo de guerreiros bárbaros, o Khal Drogo, Daenerys é presenteada com ovos fossilizados de dragão. E só um adendo aleatório, eu amo Daenerys Targaryen!

George R.R. Martin desenvolve uma história de tirar o fôlego com esses personagens. Era difícil para mim colocar o livro de lado, porque a narrativa dele te leva a mergulhar nos sofrimentos e alegrias dos personagens. Sua narrativa é em terceira pessoa, a cada capítulo do ponto de vista de um personagem chave, e completamente realista. Eu só conseguia parar quando terminava o capítulo... e isso porque eu já tinha visto a série e já sabia o que ia acontecer (porque a série é muito fiel ao livro, por isso, se você quer ler o livro sem spoilers, recomendo que o faça antes de assistir a série). E, numa boa? Os mapas são digníssimos! E no final de livro, ainda tem um apêndice com as principais famílias de Westeros, explicada membro a membro, se você, como eu, acabar se embaralhando um pouco com todos os nomes apresentados ao longo da narrativa.

Talvez a história pareça confusa assim, tão resumida. Não dá para explicar melhor sem dar spoilers. Mas eu recomendo que você leia os livros. Só lendo para entender o que eu quero dizer, e só lendo para entender o que Martin quis dizer. Eu mal acabei o primeiro e já estou devorando o segundo. Se preparem; essa é mais uma série viciante que você terá prazer em ler, se der uma chance.

Sobre o livro

Título: As Crônicas de Gelo e Fogo - A Guerra dos Tronos

Autor: George R.R. Martin

Editora: LeYa

Nº de páginas: 592