Margaret Hale é uma mulher forte, filha de um ministro religioso, que se muda para a cidade de Milton, no norte da Inglaterra. Margaret vê o sul, lugar onde nasceu como símbolo do idílio rural, o triunfo da harmonia social e do decoro. Imagem que se contrapõe com o norte e seu ambiente sujo, rude e violento. Ela se depara com a difícil realidade da população local, encontra novas amizades e o surgimento de uma crescente atração por John Thornton, dono de uma fábrica têxtil.
Meu interesse no livro começou com a agenda de leitura do Clube do livro que participo. Ele foi escolhido para ser debatido em junho, e me organizei para me dedicar as suas mais de setecentas páginas. Tive medo de não gostar, ou achar a leitura cansativa, e ainda bem que nada disso aconteceu.
É parte essencial do livro o momento histórico no qual Norte e Sul está ambientado. Quando a revolução industrial se tornou evidente alterou a forma de ganhar a vida e o aspecto de várias cidades europeias. Elizabeth Gaskell mostra que muitas destas mudanças não eram aceitas facilmente e, como o próprio título do livro evidencia, as diferenças entre as regiões norte e sul da Inglaterra se tornam latentes.
E é através de John Thourton e Magaret Hale nos damos conta dessas diferenças. Ela, vinda do sul, com todo seu pensamento saudoso sobre a vida no campo, mais calma e próxima as outras famílias, e seu preconceito quanto as cidades do norte e em especial Milton. Ele, vindo de uma situação de pobreza até conquistar status de grande industrial.
A autora não se foca somente no romance entre eles, mas na oposição de pensamento sobre a relação patrão e empregado, e temos em Higgins o elo entre os dois nessa questão. É por meio dele que nós leitores e os protagonistas percebemos as deficiências nessa relação e como a realidade dos funcionários é cruel e sofrida, como a falta de entendimento de ambos os lados tem consequências graves e como a comunicação sincera pode ser a solução.
Thourton foi um personagem que gostei imensamente, principalmente por se manter fiel aos seus princípios e agir conforme julgava correto, mesmo que sofresse alguma decepção com isso e, bem, ele sofre umas bem poderosas, mas sempre busca resolvê-las. O relacionamento entre ele e Margaret foi se desenvolvendo aos poucos, sem pressa. Ele é mais rápido em encarar seus sentimentos, e tenta ao seu modo, se aproximar. Já Margaret é bem reticente a sua presença e confesso que passei bastante raiva com algumas de suas ações, mas depois fiquei feliz de ver como a autora foi desenvolvendo os dois, mostrando seu amadurecimento e o quanto a convivência entre eles os mudou. Margaret já era uma personagem forte e decidida, muitas vezes teimosa, mas viver na cidade de Milton e ter Thourton ao seu lado só somou a personagem.
Outros personagens foram bem marcantes, como a família da Margaret, em especial o pai dela que mexeu muito comigo. Admiração, raiva, desprezo. Tudo eu senti por ele e ainda sim era uma das pessoas mais bondosas do livro. A mãe do John também me despertava uma mescla de sentimentos, mas em especial admiração pelo amor ao filho.
Adorei a narrativa que me conquistou rapidamente e que segurou minha curiosidade durante todo o livro, sem nunca me desanimar. Fiquei muito interessada para buscar outras obras da autora e espero conseguir ler outro livro dela em breve.
Sobre o livro:
Norte e sul
ISBN: 9788544000335
Autora: Elizabeth Gaskell
Editora: Martin Claret
Ano: 2015
Páginas: 744
Sobre o livro:
Norte e sul
ISBN: 9788544000335
Autora: Elizabeth Gaskell
Editora: Martin Claret
Ano: 2015
Páginas: 744
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