sábado, 1 de abril de 2017

RESENHA: Quem era ela

É preciso responder a uma série de perguntas, passar por um criterioso processo de seleção e se comprometer a seguir inúmeras regras para morar no nº 1 da Folgate Street, uma casa linda e minimalista, obra-prima da arquitetura em Londres. Mas há um preço a se pagar para viver no lugar perfeito. Mesmo em condições tão peculiares, a casa atrai inúmeros interessados, entre eles Jane, uma mulher que, depois de uma terrível perda, busca um ponto de recomeço. 
Jane é incapaz de resistir aos encantos da casa, mas pouco depois de se mudar descobre a morte trágica da inquilina anterior. Há muitos segredos por trás daquelas paredes claras e imaculadas. Com tantas regras a cumprir, tantos fatos estranhos acontecendo ao seu redor e uma sensação constante de estar sendo observada, o que parecia um ambiente tranquilo na verdade se mostra ameaçador.
Enquanto tenta descobrir quem era aquela mulher que habitou o mesmo espaço que o seu, Jane vê sua vida se entrelaçar à da outra garota e sente que precisa se apressar para descobrir a verdade ou corre o risco de ter o mesmo destino. Com um suspense de tirar o fôlego e um clima de tensão do início ao fim, JP Delaney constrói um thriller brilhante repleto de reviravoltas até a última página. Uma história de duplicidade, morte e mentiras.

Como arquiteta, sei que a arquitetura tem como característica passar sensações e influenciar comportamentos. O objetivo é sempre trazer para o ambiente as melhores qualidades dentro da utilização proposta, de forma que determinado estado comportamental seja atingindo. Então, quando temos um thriller onde a casa é uma das protagonistas, é um motivo para me deixar curiosa. 

Os personagens são verossímeis e pouco carismáticos. Todos eles tem um lado manipulador da alguma forma. Uns com mais intensidade, como o Edward, uns com menos habilidade, como Emma. O interessante aqui é que nenhum deles é totalmente bom ou ruim: são pessoas com sua bagagem emocional e que tentam seguir em frente para conseguir a felicidade novamente.

Fui ficando surpresa com os desdobramentos e com a facilidade que as dúvidas da Jane se tornavam as minhas: embarquei em muita das suas teorias, fui desconfiando das mesmas pessoas, embora não tenha comprado sua adoração pelo Edward.

A narrativa me agradou bastante. Os capítulos são intercalados entre Emma e Jane, e sua vivência a partir do momento que foram morar em Folgate Street n° 1. Como o livro tem um lado psicológico muito forte, o comportamento delas e suas personalidades tem muito destaque, quase sempre potencializados pela relação de cada uma delas com a casa e suas regras, e vamos nos surpreendendo toda vez que uma nova faceta de ambas é apresentado.

Como uma leitora que não tem o hábito de ler livros desse tipo, me sinto satisfeita com o que encontrei. Não sei se a atenção que o autor deu a profissão do Edward e suas explicações arquitetônicas foram a parte que realmente me conquistou, ou se o desenvolvimentos dos personagens e a história bem contada foi o que me fez ficar empolgada, a única conclusão que posso dar certeza é que o livro merece muito ser lido, independente se é seu gênero de leitura ou não.

Sobre o livro:
ISBN: 9788551001394 
Autor: JP Delaney 
Editora: Intrínseca
Ano: 2017
Páginas: 336

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