sexta-feira, 15 de março de 2019

RESENHA: A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

O título conta a história de Juliet Ashton, uma escritora em busca de um tema para seu próximo livro. Ela acaba encontrando-o na carta de um desconhecido de Guernsey, Dawsey Adams, que entra em contato com a jornalista para fazer uma consulta bibliográfica. Começa aí uma intensa troca de cartas a partir da qual é possível identificar o gosto literário de cada um e o impacto transformador que a guerra teve na vida de todos. As correspondências despertam o interesse de Juliet sobre a distante localidade e narram o envolvimento dos moradores no clube de leituras – a Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata –, além de servirem de ponto de partida para o próximo livro da escritora britânica.
O clube, criado antes de existir de fato, foi formado de improviso, como um álibi para proteger seus membros dos alemães. O que nenhum dos integrantes da Sociedade imaginava era que os encontros pudessem aproximar os vizinhos, trazer consolo e esperança e, principalmente, auxiliar a manter, na medida do possível, a mente sã. As reflexões e as discussões a respeito das obras os livraram dos pensamentos sobre as dificuldades que enfrentavam e ainda serviram para aproximar pessoas de classes e interesses tão díspares, de pescador a frenólogo, de dona de casa a enfermeira.
Instigada pela força dos depoimentos, a jornalista decide visitar Guernsey, onde a convivência com as pessoas que conheceu por cartas e a descoberta sobre as experiências dos ilhéus lhe dão uma nova perspectiva. A viagem proporciona à escritora mais do que material para seu livro. Guernsey oferece a chance de recomeçar após a Guerra, fazer amizades sinceras e encontrar o amor – em suas diversas formas. O que ela encontra por lá, e as relações que trava, mudam sua vida para sempre.
A autora Mary Ann Shaffer não sobreviveu para assistir ao sucesso da sua estreia literária – ela morreu em fevereiro de 2008, aos 73 anos. A sociedade literária e a torta de casca de batata recupera um mundo que se perdeu entre os escombros da guerra, feito de camaradagem e solidariedade, delicadeza e simpatia. Nele, a guerra – e a morte – é vencida por um batalhão de personagens igualmente sensíveis e sedutores, que conduzem os leitores pelas mãos, através de um narrativa, humana e marcadamente feminina, até o fim. 

No clube do livro que participo esse livro é sempre indicado nas nossas conversas, então resolvi ler mês passado, e em três dias tinha concluído a leitura. Entendi finalmente todo o entusiasmo dos meus colegas.

Engraçado que não tenho tantas leituras que são contadas de forma epistolar, mas as poucas que fiz me agradaram imensamente. Não foi diferente com Sociedade literária, cada carta era uma mistura de bom humor, comédia, drama, amizade e amor tão grandes! Logo fui fisgada pela curiosidade e linguagem adotada pelas autoras.

Os personagens são incríveis. Adorava a forma calma, atenciosa e agradável que Dawsey tinha de se expressar. A amizade de Juliet com Sidney é maravilhosa, fica claro nas cartas o quanto os dois se dão bem! Sidney, por sinal, é o tipo de pessoa que você sempre pode contar. Amei Eli tão sábio e gentil. 

E as mulheres desse livro são tão admiráveis. Juliet tem uma força que logo percebemos a intensidade, ela me divertia e emocionava, sua inteligência e gentileza me ganharam. Amélia é a sabedoria em pessoa, Isola é a dose de animação necessária, e Elizabeth foi o motivo de tudo acontecer, impetuosa, fiel, dedicada. Suas histórias são comoventes e inspiradoras.

Outro ponto que me conquistou foi o período em que se passa o enredo, logo após o fim da Segunda Guerra. Já falei aqui no blog que gosto de leituras onde esse período é abordado porque conseguimos ter várias visões sobre esse acontecimento. Muitas informações contidas no livro eu não sabia, e achei uma ótima maneira de me informar sem aquele tom professoral dos livros de história.

Mesmo com as indicações, nunca pensei que fosse gostar tanto desse livro! É engraçado como certas histórias nos envolvem, acalmam, emocionam sem nos darmos conta que é por seus detalhes, suas pequenas gentilezas, que caímos de amor por elas. As autoras realmente conseguiram passar toda a emoção necessária para acompanhar Elizabeth, e me apaixonei por Guernsey e seus habitantes da mesma maneira que Juliet o fez. É um ótimo livro e vocês deveriam lê-lo.

Sobre o livro:
ISBN: 9788532524102 
Autoras: Mary Ann Shaffer e Annie Barrows
Editora: Rocco
Ano: 2009
Páginas: 304

Nenhum comentário: