sexta-feira, 17 de julho de 2020

RESENHA: A poeta X

Best-seller do New York Times sobre uma adolescente que conta sua história através de uma poesia intensa, crua e poderosa. Xiomara Batista se sente sem voz e incapaz de se esconder no Harlem. Desde que seu corpo ganhou curvas, ela aprendeu a deixar os punhos e toda sua raiva falarem. E, em contraste com as regras da mãe religiosa, Xio tenta expressar suas próprias crenças através da poesia: a garota derrama toda frustração e paixão nas páginas de um caderno, recitando as palavras para si mesma como orações.
Em seu romance de estreia, Elizabeth Acevedo aborda dúvidas e experiências frenquentes da adolescência – religião, relacionamento e autoaceitação –, apresentando essas questões por meio das lentes da herança afro-latina de Xiomara.
Acevedo elevou o romance escrito em verso a uma ferramenta poderosa, fornecendo aos leitores uma narrativa incrivelmente viciante e deliciosamente rítmica, implorando para ser lido em voz alta. A autora traz um ponto de vista único para aqueles que convivem com todo tipo de preconceito e procuram por si mesmos na literatura e na vida.

Lá vou eu para mais uma tentativa falha de por em palavras meus sentimentos durante uma leitura tão boa. A poeta X vem ganhando elogios tem um tempo e estava bastante curiosa sobre o motivo. Eis que entendi todos.

Xiomara está na fase de se interessar por garotos e repensar algumas ações partes de sua rotina. Então a vemos se perguntar sobre Deus e a religião, sobre o que escuta dos homens e sobre o que gostaria de fazer com a própria vida. Poderia ser uma coisa totalmente comum, mas ela tem uma mãe muito religiosa e rígida, um pai desinteressado, um irmão que a adora mas também tem seus próprios problemas, e toda a carga de uma família dominicana negra que se mudou para os EUA. 

A Xiomara é nossa representante em cada questionamento, cada reação contra a objetificação do qual é vítima, cada briga pela qual acha importante não se calar e, pra mim, foi difícil não ser cativada por ela. Ela erra, acerta, fica perdida. Seus relacionamentos são uma vitrine da sua vida, sendo a Caridad o oposto da Xiomara nas ações, o Gêmeo a parceria e segurança, a mãe o embate sobre o que quer fazer contra o que ela quer que seja feito, o Padre Sean a imensa paciência e a Sra. Galiano a esperança de ser um pouco ela mesma. 

São personagens que enriquecem o enredo, levantam vários debates pois cada cabeça é uma sentença, e servem para mostrar as várias possibilidades de vida, e sua própria bagagem, para a Xiomara ao mesmo tempo que não a deixam tirar o pé do chão. Mesmo o leitor que não passa por metade destes acontecimentos sente como é real, atual e se sente afetado por todas as situações, em menor ou maior grau. 

Certamente a escolha de poemas como narrativa faz toda a diferença. Você consegue se integrar totalmente com a mensagem mesmo sem tanta descrição, e isso parece deixar tudo mais leve mesmo que os assuntos contidos não o sejam. Cada página, cada poema só dá mais força as problemáticas abordadas pela autora e profundidade aos seus personagens. Nunca pensei que gostaria tanto desse tipo de abordagem - sendo A poeta X minha segunda experiencia, Daqui pra baixo foi a primeira - quando falamos de preconceito, respeito, feminismo e auto conhecimento, mas agora que sei, espero ter muitas oportunidades de ler.

Sobre o livro: 
ISBN: 9788501115119
Autora: Elizabeth Acevedo
Tradução: Giu Alonso
Editora: Galera Record
Ano: 2018
Páginas: 322

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