quarta-feira, 23 de outubro de 2013

RESENHA: Os adoráveis

Monique Melo

Jeane é blogueira. Seu blog, o Adorkable, é um blog de estilo de vida — na verdade, o estilo de vida dela — e já ganhou até prêmios na categoria “Melhor Blog sobre Estilo de Vida” pelo e Guardian e um Bloggie Award. Adora balas Haribo, moda (a que ela cria, comprando em brechós) e colorir (ou descolorir totalmente) os cabelos. Cheia de personalidade e meio volúvel, ainda assim Jeane é bacana — mesmo nos momentos em que se transforma numa insuportável. Mas, certamente, ela não olharia duas vezes para Michael. Porque Michael é o oposto de Jeane. Ele é o tipo de cara que namoraria a garota mais bonita da escola. E compra suas roupas na Hollister, na Jack Wills e na Abercrombie. Além disso, diferente de Jeane, que é autossuficiente, Michael é completamente dependente do pai, o Clínico Geral que condena açúcar, e ainda permite que sua mãe compre suas roupas! (Embora, para Jeane, o pior mesmo sobre Michael é que ele baixa música da internet e nunca paga por isso). Jeane e Michael têm pouco em comum, além de algumas aulas e uma maçante dupla de “ex” — Scarlett e Barney. Mas, apesar disso, eles não conseguem se desgrudar desde que ficaram pela primeira vez.


Eu comecei a ler este livro sem nenhuma expectativa. A sinopse tinha me agradado, mas era só isso. Confesso que adoro quando posso ter uma leitura sobre a qual não tenho muita informações, acabo me surpreendendo positivamente quando isso acontece. E esse foi o caso de "Os adoráveis".

A premissa é um clichê muito explorado no meio literário e cinematográfico, mas a construção dos personagens e a forma que vão se desenvolvendo conseguiu cativar mais do que eu imaginaria. Jeane é um tipo que se arma de sarcasmo e inteligência para enfrentar seu dia a dia, embora tenha uma relação complicada com a própria família. Ela é determinada e  utiliza seu blog como uma forma de falar sobre o que gosta e ganhar dinheiro. Seu estilo singular assusta e choca, e com o Michael não poderia ser diferente. Ela meio que me fez amá-la (ela tem umas atitudes em relação ao blog que é impossível não se identificar) e odiá-la ao mesmo tempo, o que foi muito divertido.

Michael é um tanto perfeitinho, mas quando a narração é dele, vemos que essa perfeição só fica mesmo exteriormente. Ele tem seus problemas e é tão engraçado a forma que ele e a Jeane são meio que empurrados um para o outro, mesmo que não tenham nada em comum. Ele, assim como ela, tem consciência que nada entre eles seria fácil.

A dinâmica entre os dois é a melhor parte da história. Como, cada um dentro das suas características, parece balancear as atitudes do outro, é digna de nota. Também devo comentar como eles enxergam os defeitos um do outro, coisa muito difícil de se ver em livros que tem romance. No geral, o ato de estar junto meio que elimina os defeitos do ser amado nos livros, mas não é o que acontece aqui e isso funciona muito bem e dá um toque de realismo ótimo para a história.

Tem um acontecimento perto do final que, se tivesse concretizado o que estava pensando, realmente teria me decepcionado demais, mas, felizmente, isso não ocorreu. Melhor: tornou ainda mais "adorável" a forma que terminou.

 A narrativa da Sarra Manning é maravilhosa e ela não perde tempo enrolando. Tudo que coloca na história tem a ver com o desenvolvimento e ela insere muita cultura pop fortalecendo ainda mais seu discurso atual e jovem. Não conhecia a autora e agora estou super curiosa para ler mais livros dela. Conclusão? Adorei, simplesmente.

Sobre o livro:
ISBN: 9788581631950
Autora: Sarra Manning
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013
Páginas: 384
Booktrailer:


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