domingo, 3 de julho de 2016

RESENHA: Os afetos

Uma peculiar família de desbravadores, os Ertl decidem se exilar na Bolívia depois da derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. O desejo por aventura de Hans, o patriarca que fora cinegrafista da cineasta alemã Leni Riefenstahl, o leva a arrastar esposa e filhas em expedições em busca da cidade inca de Paitití, escondida na Selva Amazônica. Essa ânsia pelo desconhecido, com toda sua imprecisão e loucura, contagiará as meninas de diferentes formas, mas será Monika, a mais velha e audaciosa das três, a única a herdar o caráter inconformista do pai, porém com um objetivo muito mais temerário.
Com elementos biográficos, históricos e ficcionais e narrado por diferentes personagens, Os afetos compreende um período de cinquenta anos da vida dos integrantes da família Ertl. Na polifonia da qual participam pai, mãe, filhas, mas também amantes e maridos, Rodrigo Hasbún reconta, à margem do idealismo, a convulsão política que abalou a América Latina na década de 1960, explorando as dificuldades que surgem ao se tentar conciliar as consequências das próprias decisões, tanto políticas quanto sentimentais.
Um romance intenso e cheio de beleza, Os afetos evidencia como é possível estar ao mesmo tempo perto e distante daqueles a quem somos ligados pelo sobrenome e pelas memórias compartilhadas e também como essas memórias nem sempre são um terreno seguro.

Ainda não consegui conciliar meus sentimentos em relação ao livro. A temática me animou, o fato da história girar em torno das relações familiares também é um ponto sempre positivo para mim. Mesmo assim, ainda não sei bem o que sentir sobre "Os afetos".

Cada capítulo é contado de uma perspectiva diferente. Não suportei os dois capítulos narrados pela Heidi: a forma que ela via as pessoas ao seu redor, a inveja da irmã mais velha e até a forma que o autor escolheu para sua narrativa, nada me agradou. Em contrapartida temos a visão da Trixi, a mais nova das três irmãs Ertl. Tão nova e já precisando encarar diversos problemas, a única que se entendia a mãe, a que se preocupava com as irmãs. Foi a personagem que mais gostei. Outros personagens também tiveram sua visão narrada e foram eles, junto a Trixi, que me deram os melhores momentos da leitura, em especial quando a dinâmica familiar era tratada. 

No geral, o livro é bom, mas sabe aquela sensação que ficou faltando alguma coisa? No meu caso, senti falta de mais desenvolvimento sobre os assuntos tratados. Monika é uma personagem com muitas facetas e que poderia ter rendido ainda mais do que o autor nos apresentou. O momento histórico no qual o enredo está inserido tem sua força, mas também me pareceu que podia ter mais efeitos sobre outros personagens além da Monika.

Não vou me estender muito, o livro é curto e o risco de spoiler fica maior. A história não me conquistou como eu achei que faria,não terminei a leitura empolga, mas espero mesmo que vocês curtam mais do que eu. 

Sobre o livro:
Os afetos
ISBN: 9788580579192
Autor: Rodrigo Hasbún
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Página: 126



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