Em A Espada do Verão, primeiro livro da série, os leitores são apresentados a Magnus Chase, um herói boa-pinta que é a cara do astro de rock Kurt Cobain. Morador de rua, sua vida muda completamente quando ele é morto por um gigante do fogo. Por sorte, na mitologia nórdica os heróis mortos vão parar em Valhala, o paraíso pós-vida dos guerreiros vikings. Lá, Magnus descobre que é filho de Frey, o deus do verão, da fertilidade e da medicina.
Desde então, seis semanas se passaram, e nesse meio-tempo o garoto começou a se acostumar ao dia a dia no Hotel Valhala. Quer dizer, pelo menos o máximo que um ex-morador de rua e ex-mortal poderia se acostumar. Magnus não é tão popular quanto os filhos dos deuses da guerra, como Thor e Tyr, mas fez bons amigos e está treinando para o dia do Juízo Final com os soldados de Odin — tudo segue na mais completa paz sanguinolenta do mundo viking.
Mas Magnus deveria imaginar que não seria assim por muito tempo. O martelo de Thor ainda está desaparecido. E os inimigos do deus do trovão farão de tudo para aproveitar esse momento de fraqueza e invadir o mundo humano.
Magnus Chase tem se revelado uma herói bem diferente dos que estamos acostumados de ver nos livros do Rick Riordan e esse é um dos pontos que me fazem simpatizar com a história: ao contrário de Percy Jackson, que se vê cada vez mais apto as aventuras das quais participa, Magnus não tem habilidades de luta que o destaquem, quem faz tudo é sua espada, mas tem um ponto comum com seu antecessor: os grandes laços de amizade e amor que conquista ao longo de sua jornada.
Cada vez mais os livros do autor se voltam para seus personagens e as diferenças entre eles. Imagino que, por ter sido um professor, Rick Riordan sabe da importância de representatividade de gênero, por exemplo, nos livros para a quebra de preconceitos e fortalecimento da tolerância e faz isso com bastante eficácia em Magnus Chase, demonstrando como diferentes pensamentos, origens e gostos podem conviver e formar ligações duradouras e positivas. Neste livro em especial, ele aborda um tema um tanto novo (foi a primeira vez que ouvi sobre) e isso foi uma grata surpresa.
Os relacionamentos familiares tem sua importância, como em todos os livros do autor, e ele as desenvolve por meio de várias ramificações: vemos através de Samirah como as questões religiosas são importantes, mas não determinantes para o crescimentos da relações emocionais; com Hearthstone, percebemos que certas dores não se curam com facilidade e muitas deixam marcas para sempre, já Blitz e Magnus nos ensinam que família não está condicionada somente ao sangue.
Essa preocupação em desenvolver personagens, em mostrar o processo de amadurecimento e as ligações interpessoais, é o que enriquece as histórias de Riordan, as quais sabemos ter uma base bem definida de tempo limitado versus grandes dificuldades. Além da mitologia, claro.
Cultura pop sempre está presente, assim como a narrativa em primeira pessoa, que tem um ritmo muito fluido, cheio de humor sem deixar o drama de lado, com capítulos curtos que me agradam demais. O livro terminou com um bom gancho para o próximo volume e com uma promessa de que logo teremos um personagem íntimo nosso em "O navio dos mortos".
Sobre o livro:
ISBN: 9788551000700
Série: Magnus Chase e os deuses de Asgard
Volume: 02
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Páginas: 400
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