Richard Strickland é um oficial do governo dos Estados Unidos enviado à Amazônia para capturar um ser mítico e misterioso cujos poderes inimagináveis seriam utilizados para aumentar a potência militar do país, em plena Guerra Fria. Dezessete meses depois, o homem enfim retorna à pátria, levando consigo o deus Brânquia, o deus de guelras, um homem-peixe que representa para Strickland a selvageria, a insipidez, o calor — o homem que ele próprio se tornou, e quem detesta ser.
Para Elisa Esposito, uma das faxineiras do centro de pesquisas para o qual o deus Brânquia é levado, a criatura representa a esperança, a salvação para sua vida sem graça cercada de silêncio e invisibilidade.
Richard e Elisa travam uma batalha tácita e perigosa. Enquanto para um o homem-peixe é só objeto a ser dissecado, subjugado e exterminado, para a outra ele é um amigo, um companheiro que a escuta quando ninguém mais o faz, alguém cuja existência deve ser preservada.
Uma história cinematográfica e atemporal sobre um homem e seus traumas, uma mulher e sua solidão, e o deus que muda para sempre essas duas vidas.
Pode parecer mentira, mas quando escolhi ler "A forma da água" ainda não tinha visto nem sequer o trailer do filme e, até o momento da postagem dessa resenha, continuo sem ter o visto, então praticamente tudo no livro foi surpresa.
Pode parecer mentira, mas quando escolhi ler "A forma da água" ainda não tinha visto nem sequer o trailer do filme e, até o momento da postagem dessa resenha, continuo sem ter o visto, então praticamente tudo no livro foi surpresa.
Por mais que tenhamos o Deus Brânquia como agente modificador de tantas vidas, são as pessoas que ele toca, direta e indiretamente, que fazem dessa história tão interessante. E é claro que o cuidado no desenvolvimento dos acontecimentos reforça esse aspecto e as escolhas de encaminhamento do enredo também são responsáveis pela qualidade e ligação do leitor com os personagens.
A escolha dos pontos de vista foram acertadas e passam justamente as mudanças que seu aparecimento trás. Os personagens tem muitas camadas e seria muito injusto vê-los a partir de um só foco. portanto tê-los tão mais abertos só enriqueceu o enredo e trouxe temas importantes a tona: orientação sexual, racismo, emponderamento feminino, deficiências, traumas... Tudo inserido no período que a história se passa, mas ainda refletindo muito da nossa realidade.
A amizade de Giles e Elisa, e dela com Zelda é um conforto dentro de passagens tensas, e uma realidade dura e cruel, então cada interação entre eles era sempre bem vinda. Já Lainie é a coragem de experimentar uma vida nova, buscar objetivos e novos sonhos. Difícil não gostar deles.
Até o nosso "vilão" é uma pessoa que podemos desenvolver compaixão, mesmo que seja difícil. Ele é uma alma torturada pela guerra e seus crimes, se vê preso a um superior sem remorso e o qual só o empurra mais para o fim do poço. Em vários momentos torci por sua libertação das amarras do seu trabalho e também consegui ter raiva da sua maldade, mesmo que resultado da sua vivência.
Os capítulos curtos são sempre um ponto positivo para mim e geralmente consigo adiantar a leitura quando encontro livros assim. A narrativa em muitos momentos tem um tom poético que combina bastante com toda a fantasia que cerca o deus Brânquia, em especial quando ele e Elisa estão em foco. Me deixou bem curiosa para saber se o filme é tão intenso e bom quando o livro é.
Sobre o livro:
ISBN: 9788551002773
Autores: Guillermo Del Toro e Daniel Kraus
Editora: Intrínseca
Ano: 2018
Páginas: 352
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