sexta-feira, 14 de julho de 2017

RESENHA: A febre do amanhecer

Julho de 1945. Miklos é um jovem húngaro de 25 anos que sobreviveu ao campo de concentração e foi levado para a Suécia para recuperar a saúde. Mas logo os médicos o desenganam: ele tem os pulmões comprometidos e conta com poucos meses de vida. Miklos, porém, tem outros planos. Ele não sobreviveu à guerra para morrer num hospital. Após descobrir o nome de 117 jovens húngaras que também se encontram em recuperação na Suécia, ele escreve uma carta a cada. Uma delas, ele tem certeza, se tornará sua esposa. Em outra parte do país, Lili lê a carta de Miklos e decide responder. Pelos próximos meses, os dois se entregam a uma correspondência divertida, inusitada, cheia de esperança. Baseado na história real dos pais do autor, A febre do amanhecer é um romance vibrante e inspirador sobre a vontade de amar e o direito de viver.

Eu gosto de histórias que se passam na segunda guerra mundial. A união de ficção e acontecimentos históricos é uma combinação que me agrada, deixa intrigada e sempre me espanta, afinal é difícil não se emocionar com seus horrores. "A febre do amanhecer" se passa no pós guerra, quando muitas vítimas desses tristes acontecimentos ainda não puderam voltar para casa, doentes e sem perspectivas.

Poderia facilmente ser uma história triste, sem grandes esperanças, mas o livro me surpreendeu ao focar justamente na retomada da saúde e do dia a dia, na perspectiva de futuro. Por várias vezes a história foi romântica e bem humorada, confesso que dei boas risadas em diversos momentos da narrativa, embora o ar melancólico ainda fosse perceptível durante o desenvolvimento do enredo. Passagens tristes e reflexivas estão presentes, claro. Impossível falar em guerra e não ter esse tipo de situação.

Achei maravilhoso o livro ser baseado em fatos reais, mais especificamente, na vida do pai do autor. Embora desde o começo saibamos ser o filho do Miklós o narrador, não sabia que o próprio Péter Gárdos era esse menino. Imagino como foi para ele escrever sobre os pais, ter lido as cartas, e vivido, através delas, um pouco do que foram os seis meses que aproximaram os dois. 

Mesmo com todos os fatores que me agradaram, o livro demorou a me conquistar. Simpatizava com a condição do Miklós, mas essa empatia não me deixava curiosa sobre seu futuro. Não sei a se a forma do autor passar a história me incomodou um pouco no começo, ou simplesmente foi o ritmo dos acontecimentos, só sei que isso mudou quando Lili ficou mais presente nas cartas e seu dia a dia mais em evidência. A partir daí, torci muito para o romance vingar e não consegui largar o livro.

Não é um romance cheio de reviravoltas, embora tenha sua cota de intrigas e inveja, além de alguns fatos quase milagrosos, é cheio de amor e esperança, sentimentos importantes e quase dizimados neste período negro da história mundial.

* Este livro foi cortesia da Editora Companhia das Letras

Sobre o livro:
A febre do amanhecer
ISBN: 9788535928754
Autor: Péter Gárdos
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2017
Páginas: 216

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