terça-feira, 1 de agosto de 2017

RESENHA: Piano vermelho

Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes estão mergulhados no ostracismo. Sem emplacar nenhum novo hit, eles trabalham trancados em estúdio produzindo outras bandas, enchendo a cara e se dedicando com reverência à criação — ou, no caso, à ausência dela. Uma rotina interrompida pela visita de um funcionário misterioso do governo dos Estados Unidos, com um convite mais misterioso ainda: uma viagem a um deserto na África para investigar a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição.
Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração.
Seis meses depois, em um hospital, a enfermeira Ellen cuida de um paciente que se recupera de um acidente quase fatal. Sobreviver depois de tantas lesões parecia impossível, mas o homem resistiu. As circunstâncias do ocorrido ainda não foram esclarecidas e organismo dele está se curando em uma velocidade inexplicável. O paciente é Philip Tonka, e os meses que o separam do deserto e tudo o que lá aconteceu de nada serviram para dissipar seu medo e sua agonia. Onde foram parar seus companheiros? O que é verdade e o que é mentira? Ele precisa escapar para descobrir.
Com uma narrativa tensa e surpreendente, Josh Malerman combina em Piano Vermelho o comum e o inusitado numa escalada de acontecimentos que se desdobra nas mais improváveis direções sem jamais deixar de proporcionar aquilo pelo qual o leitor mais espera: o medo. 

É minha primeira experiência com a escrita do Josh Malerman. Tenho o elogiado "Caixa de pássaros", mas não cheguei a lê-lo e estou bem em dúvida se farei isso depois da leitura de "Piano Vermelho".

A narrativa se passa em dois momentos: o presente onde encontramos Phillip bastante machucado e o passado, o que o levou a ficar daquele jeito. Eu adoro quando um livro é contado desta forma, aguça ainda mais a curiosidade e, como cada informação dada no passado é uma pista para o todo que representa o atual estado do Phillip e o local onde se encontra, tentava adivinhar o que fizeram com ele.

Simpatizei com Os Danes. Tudo bem que a faceta bebarrona não me agradava, mas a parceria e amizade foram um aspecto que curti. Mas a melhor personagem ainda é a Ellen, ela tem uma história bem mais consistente, suas atitudes são as mais críveis e sua personalidade inteligente conquista. 

Embora goste desses pontos, é difícil não notar as muitas falhas. O enredo tem furos, e alguns personagens não faziam muito sentido (em comparação a Ellen, Phillip não pode ser considerado um personagem muito profundo, e o Dr. Sanzs é um vilão bem caricato), mas facilmente poderia ter deixado isso de lado se o final fosse melhor trabalhado, o que não ocorreu. É uma pena, visto que o livro tem um bom ritmo, e os capítulos que contam os dias dos Danes no deserto são cheios de suspense, do tipo que deixa qualquer leitor intrigado. 

Porém, não me convenceu a explicação. Eu esperei mais informação, um motivo mais sólido, e só encontrei mais dúvidas. Fiquei me questionando se as minhas expectativas tinham arruinado o impacto que o final deveria ter, mas não posso afirmar que foi isso. Se alguém leu, me chama pra conversar, vai ver que fui eu quem não entendeu, e não pescou o que o autor quis passar. 

Como sempre falo, mesmo não gostando da leitura, acho válido que vocês tentem. O livro pode não ter funcionado para mim, mas pode ser diferente para vocês.

Sobre o livro:
ISBN: 9788551002063 
Autor: Josh Malerman 
Editora: Intrínseca
Ano: 2017
Páginas: 320



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