segunda-feira, 6 de novembro de 2017

RESENHA: Tartarugas até lá embaixo

A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro – enquanto lida com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Repleto de referências da vida do autor – entre elas, a tão marcada paixão pela cultura pop e o TOC, transtorno mental que o afeta desde a infância –, Tartarugas até lá embaixo tem tudo o que fez de John Green um dos mais queridos autores contemporâneos. Um livro incrível, recheado de frases sublinháveis, que fala de amizades duradouras e reencontros inesperados, fan-fics de Star Wars e – por que não? – peculiares répteis neozelandeses. 

Seis anos se passaram desde o lançamento do último livro do John Green e eu não sabia o que esperar deste retorno. Munida de curiosidade e boas expectativas, fui conhecer a Aza e seu complicado dia a dia.

Fiquei agoniada em cada descrição da Aza sobre o que sentia. Se ler já me deixava desconfortável, fico imaginando como é viver constantemente com essas sensações, sentindo-se fora de controle. O John Green não nos poupa dos pensamentos da Aza em nenhum momento, a angústia dela vira a nossa com facilidade e torna cada crise dela uma forma de exemplificar a magnitude que a situação toma no dia a dia de quem sofre de ansiedade.

Também temos a chace de ver como pessoas próximas podem reagir diante de alguém que passa por isso, e nem sempre a reposta é fácil, assim como os comportamentos podem ser bem contraditórios. A Daisy, por exemplo, foi para mim uma mistura de simpatia e raiva. Entendo completamente que conviver com alguém como a Aza é difícil e exige muito, mas isso não é motivo para ser cruel. A Aza tem sua culpa, com certeza, mas tem menos autonomia para perceber e encarar certas minúcias dos relacionamentos em geral, e a Dayse podia muito bem dá um toque a ela.

Nesse quesito o Davis foi mais presente durante um tempo, porque exigia relativamente menos da Aza, embora por seus por seus próprios motivos. No geral, os dois estavam procurando por equilíbrio, coisa rara na vida deles. Outros personagens como a mãe e a psicóloga da Aza dão mais profundidade na descrição das suas relações pessoais. 

Eu sempre curti a narrativa do John e seus temas, e agora o admiro ainda mais por ele ter colocado tanto de sua própria experiência no desenvolvimento da ideia central. O mistério e o romance são típicos dele, que dialoga bem com qualquer faixa etária, apesar de ter seu público específico, o que fica bem claro com suas referências pops. Se bem que me senti representada pela Aza e a Dayse quando elas se empolgavam com a boy band antiga (eu acho demais que era baseada no BackStreet Boys!), quando falavam de fanfics (adoro ler) e Star Wars.

O John Green já nos mostrou em outros livros, que não tem pena de dar finais agridoces aos leitores e esse é um aspecto que sempre me admirou em sua escrita. A história de Aza só podia ser assim também, e ficou bem crível. A volta do autor foi bem consistente e só me provou que sentia muita falta de seus enredos. Bem-vindo de volta, John!

Sobre o livro:
ISBN: 9788551002001
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2017 
Páginas: 256


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