domingo, 28 de março de 2021

Lemos na Fábrica: Fevereiro 2021

 Fevereiro foi um ótimo mês de leitura e consegui diversificar bastante os temas. Percebi que foi um mês cheio de autores negros e gostei da descoberta. Vamos conferir as leituras do mês? 

"Filhos de sangue e outras histórias", Octavia E. Butler: Filhos de sangue foi minha escolha para a #LeituraPreta de Fevereiro e se tornou meu primeiro contato com a escrita da Octavia E. Butler. O plot do conto que dá nome ao livro é realmente cheio de nuances que dão ótimos debates, em especial sobre sistemas de poder, por mais que não tenha sido a intenção da autora. Outros contos também me deixaram pensativa como Obsessão positiva e O livro de Martha. Considerei esse primeiro contato muito bom e espero gostar dos livros mais conhecidos da autora.


"Bruxa Akata", Nnedi Okorafor: O primeiro de uma série, o livro é muito interessante principalmente no ponto de vista cultural. A fantasia é desenvolvida com elementos típicos da Nigéria então caminhamos entre o fantástico e o real durante toda a trama. Muitas coisas lembram Harry Potter, mas comentarei os prós e contras com mais profundidade na resenha. No geral, eu gostei muito. 

"A primogênita (Saga Elementos #01)", Giu Pereira:  A primogênita tem uma trama riquíssima e é muito bem desenvolvida dentro das suas poucas páginas. Gosto do modo que a autora insere elementos ao enredo naturalmente, e como demonstra através da Nair - personagem admirável - o quanto o machismo e a opressão sobre a mulher não só prejudicam a ela mesma como toda uma sociedade. Fiquei tão fixada no que encontrei que gostaria que tivesse mais páginas, porém vou me contentar com os outros livros da saga escrita pela Giu Pereira.

"Trenzalore (Contos do Dragão)", Jim Anotsu: Fui ler o conto sem saber o que esperar e encontrei em poucas páginas referências a Doctor Who, reflexões sobre perda e arrependimentos. Eu gostei bastante desse primeiro contato com a escrita do Jim, embora imagine que alguém mais ligado a série britânica aproveite melhor o enredo.

"A esposa de sua juventude" (Clube da Caixa Preta #06), Carly W. Chesnutt: O conto do mês do #ClubeDaCaixaPreta foi tão lindo quanto dolorido. Imaginar as separações ocorridas na época da escravidão foi um aspecto desse tempo sombrio que só comecei a entender a dimensão depois de ler alguns livros como A dança da água e 12 anos de escravidão, e dói bastante encarar mais essa violência. Pelo menos, neste conto, temos alguma esperança.

"Doutor Jivago", Boris Pasternak: O clube do livro iniciou os trabalhos de 2021 com o trabalho mais conhecido de Boris Pasternak, Doutor Jivago. Sofri bastante para ler, pois tive dificuldade em me adaptar ao ritmo e, no geral, me parecia faltar sentimento no desenvolvimento da trama. Os personagens são críveis, e o valor histórico é inegável, já que se passa numa época cheia de conflitos e com grandes mudanças no sistema político da Rússia. O debate do clube me fez entender e gostar um pouco mais do que encontrei no livro, mas a melhor parte para mim continua sendo os poemas.


"As 220 mortes de Laura Lins", Rafael Weschenfelder: O que mais me impressionou em "As 220 mortes de Laura Lins" foi como o autor conseguiu passar as emoções tão bem. Me vi aflita, esperançosa, nervosa e angustiada igual ao Daniel, e torci muito para suas tentativas de ajudar a amiga dessem certo. Algumas coisas eu meio que adivinhei, porém a escrita me ganhou totalmente.


"Afro afetos", Lelê Alves: Afro afetos dá importância e protagonismo a vivência das pessoas negras e todos os obstáculos enfrentados por elas. Lelê Alves tem uma escrita forte e suas poesias realmente me tocaram com toda a dor e todo o amor contidos em cada verso. Gostei principalmente de algumas poesias focadas na nossa situação política. Me senti representada.


"Se não fosse por você, eu não estaria aqui", vários autores: Coletânea da Editora Seguinte onde os autores escrevem cartas para eles mesmos na adolescência. É emocionante como cada um tem um tipo de visão sobre si mesmo naquela época e como o sentimento geral é de avisar e acalmar, pois estão se comunicando com uma fase especialmente confusa de si mesmos. Alguns foram mais dolorosos que os outros (oi Jim Anotsu), mas todas foram comoventes.


"El cuervo", Edgar Allan Poe: Treinando a leitura em espanhol com esse conto super interessante e com uma força na narrativa que me espantou.

"Solzinho", Camilo Solano: HQ é curtinha, mas consegue transmitir toda a solidão sentida pelo Vô. Não é somente saudade de quem ele perdeu, é a falta de verdadeira atenção dos que agora fazem parte do seu dia a dia. Gostei bastante.


"Laura Dean vive terminando comigo", Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O'Connell: Finalmente li Laura Dean vive terminando comigo e o enredo é ótimo, além de bem desenvolvido. Mariko se preocupa em mostrar ações problemáticas da Laura e como isso afeta a Freddy em todos os seus relacionamentos, sejam românticos ou de amizade. Pior é ver como a Freddy vai perdendo autonomia até entender as consequências e enfrentar seus próprios sentimentos. A arte da Rosemary é linda, delicada e eu amei como ela trabalhou as cores. Resenha aqui.


"Noragami #22", Adachitoka: Gosto demais de Noragami e o caminho que o mangá está tomando me prende demais! Nunca esperaria por tudo que rolou neste volume. Saber um pouco do passado do Yukine é doloroso e a jornada na qual ele se meteu não é nada promissora. O Yato vai ter muito a recuperar, se ainda for possível, já que tudo se complicou ainda mais. A Hiyori quer ajudar mesmo estando num momento tão difícil para ela mesma, mas com uma companhia nada confiável... Fico triste só em pensar o tempo que vai levar a espera do volume 23!


"Sherlock #04 - Um escândalo em Belgrávia - Parte 01", Steven Moffat, Mark Gatiss e Jay: Me diverti bastante com Sherlock e Watson e a impressão que eles passam para as pessoas que convivem minimamente com eles. Essa dinâmica entre os dois é interessante de observar e de perceber como eles parecem despertar o melhor um do outro. Foi um volume bastante agitado, com personagens famosos entrando e saindo de cena, ao mesmo tempo que deixam ainda mais misteriosos os futuros embates com Sherlock.


"Codename Sailor V #01 e #02", Naoko Takeuchi: A Sailor Vênus é muito engraçada e fiquei empolgada no início, porém fui me cansando ao passar dos capítulos. Esperava uma mudança conforme suas responsabilidades como defensora da justiça ficasse mais evidentes e somente no final do segundo volume isso foi acontecer. Consegui me divertir mesmo esperando mais.

E como estão as leituras de vocês?

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