Freddy Riley só quer que Laura Dean pare de terminar com ela. O dia em que começaram a namorar foi o melhor de sua vida, mas agora parece apenas uma lembrança distante. Laura Dean é popular, engraçada e MUITO LINDA… mas também pode ser insensível e bem cruel. O relacionamento cheio de idas e vindas deixa Freddy desnorteada, e seus amigos não entendem por que ela sempre aceita reatar. A situação se mostra cada vez mais insustentável: o coração de Freddy está se despedaçando em câmera lenta, e ela corre o risco de perder a melhor amiga junto com o que resta de sua autoestima. Mas, quando Freddy se consulta com uma misteriosa vidente, recebe um conselho capaz de mudar essa história para sempre.
As premiadas Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell dão vida a uma narrativa delicada e pungente sobre o amor na adolescência, nos convidando a imaginar o que acontece quando deixamos para trás os relacionamentos tóxicos e abrimos espaço para relações que nos fortalecem. Laura Dean vive terminando comigo venceu três Eisner Awards, maior prêmio do universo dos quadrinhos, nas categorias Melhor Roteirista, Melhor Artista e Melhor Publicação Para Adolescentes
Nem sei por onde começar a falar de Laura Dean vive terminando comigo. Desde que a editora Intrínseca divulgou seu lançamento fiquei ansiosa para ler e a espera valeu muito a pena.
A primeira coisa que me ganhou foi que não é um enredo sobre autodescoberta e aceitação, plot geralmente explorado quando se trata de uma trama LGBTQIA+. Não que eu não goste de ler sobre, mas também é bom ver um enredo que trata de outros assuntos ligados a relacionamento independente de ser entre duas garotas. Afinal, é só amor e tudo que é ligado a ele, nas partes boas e ruins. A Freddy está vivendo justamente a parte ruim, e tenta entender o que pode fazer para mudar isso.
Ainda sim temos algumas passagens que mostram um pouco da lgbtfobia, porque infelizmente faz parte do dia a dia da comunidade. Acontece com a Freddy e seus amigos, mas não é nem de longe o foco da graphic novel. Diria que a tudo relacionado ao cotidiano da Freddy é desenvolvido num ambiente favorável a ela, seguro e cheio de aceitação.
Ela tem amigos que estão sempre ali por ela, seja para se divertirem ou chamar a atenção quando necessário. A dinâmica das suas relações são geralmente positivas, inclusive a família, e justamente a parte negativa vem de seu relacionamento com a Laura Dean.
É triste ver como a Freddy se deixa influenciar por não conseguir ir contra as atitudes da namorada, mesmo sabendo a gravidade de seus erros. Laura Dean sempre a torna a errada, a que não entende e faz drama, sendo ela mesma a causadora de tudo. É um relacionamento totalmente tóxico que mina com a alegria da Freddy que visivelmente é mais feliz quando não está com a namorada.
O enredo é muito bem desenvolvido, entendemos o caminho que nossa protagonista passa até tomar uma decisão, questões importantes relacionadas aos seus amigos, em especial a Doodle, estão presentes e eles são importantes para o andamento do plot.
O uso da sessão da revista como forma da Freddy nos expor seus pensamentos é uma ótima escolha, porque depois também será usada para dar um fechamento a obra. Não é um recurso inovador, claro, muitos livros o usam, mas o importante é que funciona.
A arte da Rosemary é linda, delicada, e a combinação entre branco, preto, cinza e rosa foi muito acertada, e passa uma leveza que contrasta com o enredo da Mariko. E dá muito certo! No final, não somente a Freddy entende o que importa, mas nós também.
Sobre a graphic novel:
ISBN: 9786555601145
Autora: Mariko Tamaki
Arte: Rosemary Valero-O'Connel
Tradução: Rayssa Galvão
Editora: Intrínseca
Ano: 2020
Páginas: 304
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