Feliz ano novo, pessoal! Um 2023 muito melhor do que os últimos anos e muitas boas realizações para todos vocês! Vamos para o post de abertura do ano? Em 2022 fiz 141 leituras (sendo 82 livros, contos e novelas, e 59 mangás/ quadrinhos/ graphic novel). Fiz mais leituras curtas do que imaginava e foi difícil ver quais leituras foram as melhores por conta disso. Sofri um bocado para escolher, mas a lista foi bem condizente com os enredos que comecei a priorizar nos últimos três anos. Vamos lá?
10. Cidadã de segunda classe, Buchi Emecheta:
Leitura difícil por conta das raivas que passava com o Francis, mas quero destacar a força e inteligência de Adah, Numa sociedade onde o marido era o centro do mundo, ela conseguia se virar muito bem, ainda que presa pela tradição e costumes. Não é uma leitura fácil para quem vive em outra realidade, embora muitos dos acontecimentos sejam, infelizmente, muito comuns seja lá em qual parte do mundo se esteja.
09. Cachorro Velho, Teresa Cárdenas:
Primeiro contato com a escrita desta autora cubana e foi sobre a escravidão. Através de Cachorro Velho, homem negro escravizado, senti toda a tristeza da época da escravidão, a maneira como eram ainda mais destratados os escravizados quando envelheciam e os sentimentos contraditórios despertados pelo desejo de fuga e todo o risco envolvido. Foi uma novela forte, potente, me fez querer ler mais escritos da autora.
08. Sobre a terra somos belos por um instante, Ocean Voung:
Temas fortes, complicados e com desdobramentos bastante tristes, Sobre a terra somos belos por um instante nos mostra toda a complicada vida de imigrantes do Vietnã, os preconceitos sofridos, a barreira do idioma, os traumas provenientes da guerra, sem falar como tudo fica ainda mais difícil quando se é LGBTQIA+ nesse contexto. A linguagem é poética, tem um tom bastante pessoal do autor e eu adorei ter lido.
07. Kim Jiyoung, nascida em 1982, Cho Nam-Joo:
Muita gente não gostou do tom adotado pelo livro, mas eu achei muito importante principalmente agora que as produções audiovisuais e musicais da Coreia do Sul estão tão presentes. Saber sobre a estrutura social que trata as mulheres de forma tão desigual é necessário, até porque vários pontos de assemelham com nossa realidade. A mistura de ficção com dados reais torna tudo mais duro e foi uma leitura necessária.
06. A cor púrpura, Alice Walker:
Esse livro é tão forte que ainda não consegui escrever um texto dado maiores detalhes dos meus sentimentos. Nossa protagonista passa por tantos momentos difíceis e pesados, e nenhum das resoluções que o livro apresenta dá conta de toda a complexidade da situação e é por isso que conquista, ele não dá respostas fáceis, só mostra como as coisas são. A sexualidade de Celie também é um ponto forte do livro, porque acompanhamos um processo de descobrimento, de contradições e de muita verdade em meio de uma realidade onde ser uma mulher negra tornava tudo ainda mais difícil.
05. A mulher dos pés descalços, Scholastique Mukasonga:
Nunca parei para pensar na história de Ruanda e o livro da Sholastique Mukasonga foi uma aula. Primeiro porque conta a história da mãe da autora, segundo porque contar a vida dela é falar de tradições, cultura, sociedade e crenças. Ver tudo isso enquanto o genocídio estava perto de acontecer deixa tudo mais forte e a autora celebra a existência da mãe mostrando a força dela em vida, não o horror da sua morte.
04. Solitária, Eliana Alves Cruz:
Ainda fico impactada quando lembro da forma escolhida pela Eliane Alves Cruz para contar a história de Mabel e Eunice. Como comentei na resenha, eu amei a separação de capítulos por cômodo/ ambiente e o enlace entre ao que eles se destinam e o momento que a autora gostaria de retratar. Foi tudo muito real, contou com momentos ligados a pandemia de covid-19 e referências a assuntos atuais.
03. O avesso da pele, Jeferson Tenório:
Outra narrativa muito real e que faz o leitor pensar sobre como é para as pessoas negras perceberem como sua cor é determinante sobre as experiências que serão vividas. Eu já tinha lid algo nesse sentido, mas senti maior enfoque na obra do Jeferson, principalmente porque se passa numa das regiões de população mais branca do Brasil. O autor coloca um pouco da própria experiência e o resultado é um livro emocionante e revoltante nos aspectos mais próximos à realidade.
02. Ponciá Vicêncio, Conceição Evaristo:
Conceição Evaristo é garantia de sentimentos verdadeiros e conturbados, e eu amo isso. Nesta segunda experiência com um livro da autora, encontrei pessoas que ainda vivem sobre o fantasma da escravidão, se submetendo a trabalhos sem remuneração adequada para poder sobreviver e precisando se desdobrar para garantir um pouco mais de condições. Aqui ver a arte de Ponciá se perder num mundo que não valoriza e desumaniza pessoas negras é revoltante, porém não tão ruim quanto vê-la sucumbir diante de tanta desigualdade, da solidão e da violência.
01. Kindred, Octavia E. Butler:
Meu segundo contato com Octavia Butler foi potente. Kindred é de uma dor enorme, ainda que tenha um magnestismo gigante. Como filha de pai negro não consigo nem mensurar a dor que seria me ver, ou vê-lo, num mundo onde a escravidão ainda estava a todo vapor e sentir todo o choque da violência, desumanidade e injustiça ao mesmo tempo que precisava se submeter para sobreviver e garantir a própria vida naquele tempo e no futuro, principalmente quando nunca se foi um escravizado antes. Dana foi uma protagonista forte, fez o necessário, nem sempre gostamos do que lemos, mas entendemos a necessidade da maiorias das decisões. É uma ficção científica que desperta sentimentos dolorosos, mas faz refletir bastante e me marcou muito.
Esses foram meus escolhidos do ano de 2022. Poderiam entrar nessa lista "Em fogo alto", "Se a rua Beale falasse" e "Instruções para dançar", mas preferi escolher os que me marcaram um pouco mais.
Me contem quais leituras de vocês se tornaram as favoritas em 2022!
Lista de TOP 10:
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