Monique Melo
Dividida entre o passado — Alex, a luta pela sobrevivência na Selva — e o presente, no qual crescem as sementes de uma violenta revolução, Lena Haloway terá que lutar contra um sistema cada vez mais repressor sem, porém, se transformar em um zumbi: modo como os Inválidos se referem aos curados. Não importa o quanto o governo tema as emoções, as faíscas da revolta pouco a pouco incendeiam a sociedade, vindas de todos os lugares… inclusive de dentro.
Lauren Oliver tem uma forma de apresentar seu enredo que sempre me faz ficar curiosa. Sempre tenho a impressão que ela escreve para apresentar sua ideia, sem ter muito na cabeça o que o leitor quer. Claro, isso é só uma suposição, mas se ela faz realmente isso, espero que não mude, pois é o terceiro livro dela que leio e fiquei novamente impressionada com as surpresas que ela põe no caminho dos seus personagens.
Em Pandemônio, a história nos é exposta a partir de dois momentos que são contados alternadamente: o antes e o agora. Achei bem mais interessante acompanhar o agora, mas o antes também é importante para termos a noção do que a Lena passou após o final dramático de Delírio. Seu crescimento e amadurecimento são trabalhados e apresentados de forma paralela e os capítulos contando o passado e o presente me ajudaram a fazer as comparações necessárias para entender suas atitudes.
"Pegue algo de nós, e nós pegaremos de volta. roube de nós, e roubaremos tudo de você. Se nos pressionar, vamos bater. É assim que o mundo funciona agora." - Página 123
Para quem achou que Delírio não se focava nas questões sociais e políticas que geralmente acompanham as distopias, temos em Pandemônio uma atenção maior nesse quesito e provavelmente teremos maior enfoque no terceiro livro.
"O ódio é isso. Alimenta você e ao mesmo tempo o faz apodrecer. É um sentimento difícil, profundo e inflexível, um sistema de bloqueios. É tudo e inteiro." - Página 138
Novos personagens são inseridos e é uma adição bem vinda, já que através deles vamos conhecendo mais sobre os costumes e necessidades das pessoas que fugiram da cura. Alguns desses personagens me fizeram ter um conflito de emoções (oi, Graúna), ora os odiava,ora os adorava, mas o Julian e o Prego foram o que mais me chamaram a atenção. O primeiro por ter papel importante nesse segundo volume e por toda sua trajetória, o segundo por se mostrar muito mais humano do que se imagina quando lemos as primeiras cenas nas quais ele participa.
A Lauren reservou para o final de Pandemônio uma surpresa tão ou mais devastadora que Delírio e eu fiquei um pouco divida por alguns momentos sem saber se tinha gostado, mas prensando bem, acho que vai ser uma grande questão a ser resolvida e que vai impactar nas decisões que a Lena precisará tomar e se a autora continuar com o mesmo ritmo em Requiem creio que vai ser emocionante acompanhar.
Sobre o livro:
Série: Delírio
Volume: 02
Autora: Lauren Oliver
Ano: 2013
Editora: Intrínseca
Páginas: 304