Na Inglaterra, onde duas facções rivais de bruxos dividem espaço com os humanos, Nathan é considerado uma abominação. Além de ser um mestiço — filho de uma bruxa da Luz com um bruxo das Sombras —, seu pai, Marcus, é o bruxo mais cruel e poderoso que já existiu. Nesse mundo dividido entre mocinhos e vilões, não ter um lado é pecado. E Nathan não pode confiar em ninguém. Em Half Wild, após descobrir seu dom mágico, mesmo sem ainda conseguir controlá-lo, Nathan se une aos rebeldes da Luz e das Sombras de toda a Europa para derrubar Soul, líder tirânico do Conselho, e os caçadores, cujo domínio se espalhou para além da Inglaterra. O Conselho de bruxos da Luz continua em sua cola e não vai parar até ele ser capturado e obrigado a matar o próprio pai, cumprindo a profecia. Nathan vai precisar encontrar um modo de conviver com seu lado selvagem, descobrir quem são seus verdadeiros aliados e — principalmente — quem é seu verdadeiro amor.
A história me ganhou neste segundo livro. O aspecto político e social se sobrepõe na maioria das vezes ao da magia em si, assim como é mais importante o desenvolvimento do Nathan e sua percepção sobre esse sistema. E é isso que me empolga nesta série: aqui a magia só é plano de fundo para uma questão bem mais importante: a intransigência sobre as diferenças entre as pessoas e a falta de respeito pelo próximo. É quase como ver uma versão bruxa do nazismo.
A ideia da Aliança me agradou bastante, já que podemos observar vários de tipos de bruxos interagindo e reforçando algumas ideias apresentadas em Half Bad: bruxos das sombras bons, bruxos da luz violentos, meio sangues habilidosos. A autora desconstrói através das interações dos bruxos da Aliança o conceito que motiva a sociedade bruxa. E ela não nos poupa de nenhuma cena que exige violência: vai ter muita ação e bastante mortes, algumas muito importantes e que tem grande impacto na história. .
O Nathan, por sinal, vai passando por várias mudanças e se adapta, mesmo que contra a vontade, aos acontecimentos. Seus questionamentos também ganham força em diversos sentidos, inclusive no quesito amoroso e a autora trabalha este momento de confusão com bastante eficiência. Ainda não consigo gostar do interesse amoroso do protagonista, a Annalise, mas entendo pelo menos uma parte dos seus sentimentos, principalmente os relacionados ao final do livro. Foi surpreendente como aconteceu tudo e o resultado foi ainda mais fascinante.
A autora fez uma aposta corajosa em relação ao Gabriel em determinado momento da história que me deixou muito animada e estou torcendo que ela siga este caminho, embora tenha grande possibilidade de não terminar como eu gostaria. Ainda sim, só de ter essa abordagem, eu fiquei muito feliz. Realmente me agrada ter cada vez mais autores falando sobre a orientação sexual dos personagens. Queria muito detalhar o que me fez tão animada, mas não vou tirar a graça contando.
Gostei bem mais deste volume do que do primeiro livro. Enquanto em Half Bad a sensação era que alguns acontecimentos eram rápidos demais, em Half Wild Sally Green parece ter mais paciência para desenvolver as cenas e esconder alguns detalhes para reforçar certo aspecto da história que está ligada ao dom do Nathan. A narrativa é fácil de acompanhar e a leitura flui muito rápido. Os capítulos continuam curtos, um ponto que adoro, e o trabalho gráfico cada vez mais lindo, a capa é maravilhosa. E a forma como o livro terminou deixou aquela curiosidade que só será sanada ano que vem, infelizmente.
Sobre o livro:
ISBN: 9788580577464
Série: Meia vida
Volume: 02
Autora: Sally Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Páginas: 335
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