Shea tem 33 anos e passou toda a sua vida em uma cidadezinha universitária que vive em função do futebol americano. Criada junto com sua melhor amigas, Lucy, filha do lendário treinador Clive Carr, Shea nunca teve coragem de deixar sua terra natal. Acabou cursando a universidade, onde conseguiu um emprego no departamento atlético e passa todos os dias junto do treinador e já está no mesmo cargo há mais de dez anos. Quando finalmente abre mão da segurança e decide trilhar um caminho desconhecido, Shea descobre novas verdades sobre pessoas e fatos e essa situação a obriga a confrontar seus desejos mais profundos, seus medos e segredos.
As personagens da Emily sempre são um show a parte e não é porque tem personalidades incríveis, qualidades louváveis ou são exemplos a serem seguidos. Seus personagens sempre são normais, pessoas que poderiam facilmente estar no círculo de amizades de qualquer um, com defeitos, manias e atitudes por vezes questionáveis, mais muito críveis.
Shea é mais uma das que integram estes hall de personagens e sua particularidade é ser amante de futebol americano desde criança. É engraçado como isso define praticamente todos os aspectos da sua vida: profissão, relacionamentos de amizade e românticos, mesmo os não correspondidos.
É de característica da autora tratar de alguns assuntos pertinentes ao nosso dia a dia e que facilmente pode dos deixar desconfortáveis. A Shea é nossa representante no livro e é através dela que experimentamos os sentimentos e pensamentos contraditórios.Posso parecer um pouco sádica falando isso, mas esse é um dos pontos que mais amo na autora: a capacidade de nos tirar da nossa zona de conforto, nos fazer refletir, questionar e repensar nosso próprio cotidiano.
Em determinado momento da leitura fiquei incomodada com a possível dissolução de uma relação por conta de sentimentos ainda não claros, mas a Emily não seria a maravilhosa autora que conhecemos se ela não nos fizesse questionar tudo junto com os personagens. Então pude ficar sossegada e ter a certeza que os acontecimentos dariam no final mais justo possível.
Embora tenha gostado muito do livro, algumas coisas não deixaram a leitura fluir tão bem para mim. Como o livro fala muito de futebol americano e eu não entendo absolutamente nada sobre o assunto, algumas partes me deixavam meio desanimada na leitura. São muitas referências ao esporte e creio que se o leitor tiver algumas informações gerais sobre a modalidade aproveitará mais a leitura do que eu.
Também teve um tema bastante aplicável a nossa realidade que poderia ter sido melhor explorado, mas foi tratado um tanto superficialmente. Entendo que não era o foco da autora, provavelmente se tratava de uma forma de nos mostrar mais sobre a personalidade da Shea, mas eu senti falta de ter mais aprofundamento.
A genialidade da Emily já é mais que reconhecida e em "Primeiro e único" ela só reforça suas características. A narrativa sem pressa e a exploração dos sentimentos continua e envolve o leitor. Se é da Emily, lógico que o livro é muito bem recomendado.
Sobre o livro:
ISBN: 9788581635972
Autora: Emily Giffin
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Páginas: 448
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