sábado, 18 de março de 2017

RESENHA: Harry Potter e a criança amaldiçoada

Sempre foi difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de três crianças em idade escolar. Enquanto Harry lida com um passado que se recusa a ficar para trás, seu filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um legado de família que ele nunca quis. À medida que passado e presente se fundem de forma ameaçadora, ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade: às vezes as trevas vêm de lugares inesperados. 
Ansiosamente aguardado por milhões de fãs, o oitavo livro da saga de maior sucesso de todos os tempos chega às livrarias de todo o Brasil no dia 31 de outubro, em edições brochura e capa dura. Harry Potter e a criança amaldiçoada é a edição impressa do roteiro de ensaio da peça escrita por J.K. Rowling em parceria com Jack Thorne e John Tiffany, que está em cartaz em Londres e se passa 19 anos após os acontecimentos narrados em Harry Potter e as Relíquias da Morte.

Acho que pela primeira vez vou fazer uma resenha com spoiler, porque não consigo falar claramente sobre minhas frustrações sem explicar cada situação. Não vai ser nada muito grande, os pontos principais ainda serão preservados, mas caso não queiram saber de absolutamente nada, melhor parar por aqui.

Para começar, a abordagem já é bem diferente. Não temos as descrições dos sentimentos, as explicações sobre os acontecimentos e os detalhes que nos fazem criar em nossa mente tudo o que acontece. É o roteiro de uma peça, então muito da emoção que o leitor deveria sentir está contida no gestual, entonação de voz, nos olhares dos atores e isso inevitavelmente perdemos ao ter somente acesso a parte escrita.

Tendo isso em mente, fui preparada para achar algumas passagens bem menos aprofundadas do que somos acostumados, e isso realmente não foi um problema. A coisa começou a desandar quando fui conhecendo mais dos novos personagens, revendo os antigos e percebendo que o enredo teria grandes buracos que não seriam resolvidos depois.

Os filhos do trio foram tão chatos para mim. Fiquei triste pelos irmãos Tiago e Alvo não serem próximos e a Rosa é insuportável. Dos novos personagens só o Escórpio se salva. Adorei a caracterização dele, o jeitinho geek, a sinceridade Ele é, de longe, a melhor adição da história. O Alvo me tirou do sério 90% das vezes em que apareceu. Entendi que ele e o Harry estão em um momento difícil, mesmo que não tenhamos aqui motivações que realmente me fizeram comprar a história, mas para tudo tem limite, menos para o Alvo, ao que parece. A motivação para ele e Escórpio voltarem no tempo não convence nem um pouco. 

Nunca fui muito fã do Rony, mas é absurda a forma que tratam o personagem. Ele ficou tão bobo e inútil, levaram o fato dele ser o alívio cômico a um nível alto demais e para mim foi uma decepção vê-lo ser tratado assim. Um ponto que amei foi ver a Hermione como Ministra da Magia, um cargo que obviamente cai super bem nela, o que me leva a um momento que detestei: ela seria uma pessoa amarga e não chegaria a ministra só porque não estava com o Rony. Sério isso? A Hermione que sempre vi foi uma que não desviava do seu caminho por mais triste que estivesse.

Como saldo, eu adorei cada interação do Draco com Harry e Hermione. Mesmo nos momentos de maiores tensões, acho que a forma direta que se trataram foi muito bom de ler. Ver Hermione e Harry confiando um no outro como sempre me fez sorrir, assim como fiquei orgulhosa do Malfoy ser um pai melhor do que eu poderia imaginar. Fiquei emocionada em ver um Harry adulto testemunhar o fim dos pais, difícil não sentir tristeza e pena.

Outra coisa que gostei foram os possíveis interesses amorosos. Seja lá qual fosse a escolha dos autores, eu ficaria satisfeita, o que é muito para mim que sempre achei a J.K. fraca neste quesito.

A resenha se tornou mais desabafo do que resenha, eu sei. Acho que a nostalgia que eu senti nas primeiras páginas foi se desfazendo a medida que fui me decepcionando com a caracterização dos personagens. O plot parecia bom, e obviamente não dava para ter nada muito aprofundado por conta da mídia para qual ele foi elaborado, mas não ajudou ter algumas soluções dignas de fanfics ruins, e olha que li muitas maravilhosas que poderiam facilmente bater "Harry Potter e a criança amaldiçoada". Não indico nem deixo de indicar, acho que é uma escolha bem particular e, embora não me arrependa de ter lido, não fiquei exatamente feliz com o que encontrei. Quem leu e quiser conversar sobre, comenta a resenha para trocarmos algumas ideias.

Sobre o livro:
ISBN: 9788532530424 
Autores: J. K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 352

Nenhum comentário: