Lançado originalmente no Japão em 1982, Caçando carneiros é o romance que tornou Haruki Murakami conhecido mundialmente. Permeado de mitologia e mistério, a obra é um thriller literário extraordinário.
O protagonista do livro é um personagem, do qual não sabemos o nome, que leva uma vida tranquila trabalhando numa agência de publicidade, convivendo com a ex-mulher e alguns amigos — todos muito comuns, ou assim parece. Mas tudo muda depois que ele recebe uma carta misteriosa e conhece pessoas inesperadas: uma modelo de orelhas sedutoras, um grupo político de direita com um chefe enigmático e, por incrível que pareça, um homem-carneiro.
Lançado em uma busca fantástica, ele terá que atravessar o Japão para encontrar o único carneiro que pode trazer novamente algum sentido ao seu cotidiano. Nessa jornada, nosso narrador se verá no lugar de um excêntrico detetive que, ao mesmo tempo em que esclarece pistas, descobre um pouco mais sobre si mesmo.
E lá vou eu, a fã do Murakami, tentar mais uma vez pôr na resenha minhas impressões sobre um livro dele. Geralmente não consigo expressar bem minhas opiniões sobre suas histórias, já li mais livros do autor do que resenhei aqui no blog, porém estou tentando superar essa barreira e falar um pouco da minha experiência.
Se tem uma característica sempre presente nas histórias do autor japonês é a mistura de ações cotidianas com o fantástico. Todos seus livros de ficção que li dele até o momento tem esse ponto em comum. Os personagens seguem esta mesma descrição: podem ser aparentemente simplórios, mas com missões e talentos surpreendentes.
A habilidade do autor se destaca também quando ele situa os acontecimentos do livro em contextos realistas, mas sem deixar de inserir suas criações como a cidade de Junitaki, por exemplo. Ele a descreve e conta fatos, inclusive detalhando como ela surgiu, como um livro de história e é difícil de acreditar que ela é fruto dos pensamentos de Murakami.
A história tem um tom de mistério durante quase toda a narrativa e eu fiquei curiosa para saber o que aconteceu com o Rato e o que o liga ao carneiro. Várias vertentes são exploradas e muitas vezes pensamos que aquelas informações não acrescentam em nada no desenvolvimento até que as pontas soltas se unem e tudo faz sentido. Mesmo as repostas que não são dadas claramente são compreendidas ou até mesmo o próprio leitor as elabora de forma bastante satisfatória.
O final foi, dos livros que li do Murakami, o que mais deixou claro o que aconteceu. Dessa vez eu consegui entender onde ele quis chegar sem precisar quebrar tanto a cabeça (sempre fico conjecturando sobre todos os acontecimentos e duvidando das minhas próprias conclusões) ou buscar sentidos ocultos nos diálogos filosóficos. Foi significativo e condiz com tudo que ele propôs.
Como fã, já tenho a tendência a gostar dos seus livros, mas reconheço que sua escrita, embora envolvente, não agrada todo mundo. As partes e capítulos pelo qual a narrativa é dividida conquista, embora o leitor tenha que embarcar na realidade apresentada para curtir a leitura, relevar a estranheza das situações e do protagonista sem nome, esperar algumas justificativas, para perceber quão criativa a história é, embora não seja um dos melhores livros do autor.
Sobre o livro:
ISBN: 9788579623080
Autor: Haruki Murakami
Editora: Alfaguara
Ano: 2014
Páginas: 336
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