Numa madrugada de 1945, em Barcelona, Daniel Sempere é levado por seu pai a um misterioso lugar no coração do centro histórico: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Lá, o menino encontra A Sombra do Vento, livro maldito que mudará o rumo de sua vida e o arrastará para um labirinto de aventuras repleto de segredos e intrigas enterrados na alma obscura da cidade, A busca por pistas do desaparecido autor do livro que o fascina transformará Daniel em um homem ao iniciá-lo no mundo do amor, do sexo e da literatura.
Numa narrativa de ritmo eletrizante que mistura gêneros como o romance de aventuras de Alexandre Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor Hugo, Carlos Ruiz Zafón mantém o leitor em estado de contínuo suspense. Ambientada na Espanha franquista da primeira metade do século XX, entre os últimos raios de luz do modernismo e as trevas do pós-guerra, A Sombra do Vento é uma obra sedutora, comovente e impossível de largar. Uma grandiosa homenagem ao poder místico dos livros.
Sabe aquele arrependimento quando deixamos um livro bom ficar muito tempo na estante esquecido? Pois bem, eis que me deparei com esse sentimento quando, finalmente, tirei a poeira de "A sombra do vento" e iniciei a leitura.
E desde o começo o livro me prendeu. Fiquei fascinada com o Cemitério dos Livros Esquecidos e ficaria muito surtada se pudesse ir para um lugar assim. Podiam me esquecer lá e eu viveria super de boa.
Os personagens são bem construídos, e meus sentimentos por eles mudavam com frequência: gostava muito de Daniel na maior parte do tempo, mas em outros momentos queria dar uns cascudos nele, assim como no Tomaz, seu amigo. Fermin Romero foi um dos que mais gostei, ele tinha tanta história e companheirismo, difícil não se cativar por ele e sua malandragem. E como não ter medo do Inspetor Fumero? E eles são uns poucos exemplos de personagens ricos em conteúdo que o autor nos apresenta.
A escrita de Zafón é maravilhosa. Percebemos toda inveja, amor, ódio e vingança a cada página e a tensão presente na jornada do Daniel. Sua aventura começa despretensiosa e inocente e fica cada vez mais perigosa conforme suas descobertas ficam mais profundas. É uma narrativa que consegue passar todos os sentimentos de modo que nos imaginamos no lugar do Daniel, vivenciando todas as suas dúvidas e enfrentando cada situação.
Porém Zafón não nos entrega seus objetivos tão facilmente. Todos os mistérios que foram se apresentando me faziam mais obstinada em entender o que tinha acontecido. Fiz mil teorias e todas elas foram por água abaixo, e fiquei muito feliz de ter fracassado epicamente em desvendá-las. Sim, ele dá dicas e o leitor até desconfia de alguns fatos, mas só conseguimos ter mesmo certeza no fim do livro. E eu amei como terminou!
Demorei para fazer resenha, fiz a leitura no ano passado, porque achei que não conseguiria fazer jus ao enredo e ao talento de Zafón. Sei que não fiz e nem consegui passar tudo o que queria, mas espero que os convença a dar uma chance aos seus livros. Eu logo irei me aventurar na continuação da série, "O jogo do anjo".
Sobre o livro:
ISBN: 9788560280094
Série: O Cemitério dos Livros Esquecidos
Volume: 01
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma de Letras
Ano: 2007
Páginas: 399
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