segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Lemos na Fábrica: Janeiro 2024

 Oi! Então, da mesma forma que fiquei correndo para tirar o atraso do Assistimos na Fábrica, estou tentando tornar o Lemos na Fábrica de 2024 menos desfalcado. Não tenho esperança de resolver todos os posts que faltam até o final do ano, mas pretendo minimizar o que for possível.


"Eu, Tituba -Bruxa negra de Salem", Maryse Condé: foi o primeiro livro que li esse ano e me impressionou muito como a autora teve o cuidado de nos apresentar uma personagem real, constantemente apagada quando as trata do tema, e dar mais detalhes através da ficção. A mistura de história com as partes criadas por Maryse Condé só enriqueceu uma trajetória sofrida, mas cheia de espiritualidade.


"Hamlet", William Shakespeare: Hamlet foi o primeiro livro do Clube do livro em 2024. Como sempre o debate engrandece muito a leitura quando vemos o contexto no qual foi escrito, as possibilidades que os personagens tinham e as escolhas necessárias.


"A República do Dragão (A guerra da papoula - livro 02)", R. F. Kuang: R. F. Kuang sabe desenvolver muito bem suas histórias e seus personagens. Rin está perdida após todos os acontecimentos da última Guerra da Papoula e isso fica evidente nas atitudes dela. O luto sempre presente e a raiva sem controle determinam a maioria das escolhas e quando ela se vê em uma situação onde outra pessoa pode tomar decisões por ela parece uma salvação. Creio que o forte de A República do Dragão está mais no que Rin descobre e acredita do que somente na política e na guerra. As relações dela também passam por etapas difíceis onde quem se mostra amigo pode não ser tão amistoso assim e esse tipo de construção me agrada demais. Resenha aqui


"Bem-vindos à livraria Hyunam-Dong", Hwang Bo-Reum: Foi uma leitura cheia de conforto, mesmo quando assuntos mais sérios são tratados. Me identifiquei e me senti contemplada com cada conversa sobre trabalho e o tempo/ influência na nossa vida. O relacionamento entre os personagens vai crescendo aos poucos e eles acabam construindo uma rede de apoio que tem a livraria como sede e eu amei isso, me lembrou bastante o clube do livro. Resenha aqui.


"O parque das irmãs magníficas", Camila Sosa Villada: Foi uma grata surpresa ler e ouvir O parque das irmãs magníficas. Usando realismo mágico, Camila conta sobre um grupo de travestis que criam uma comunidade unida, ainda que tenham suas diferenças, e mostra a reação delas à uma criança achada no parque. A aparição da criança serve para trazer a tona a história de cada uma delas e a situação das travestis na sociedade argentina. É uma mistura de diversão, companheirismo, dor, perigo, esperança e decepção, e ainda sim é impossível de largar porque as personagens são cativantes. Amei cada página.


"Ele tinha que resolver aquilo (Clube da Caixa Preta # 41)", Florida Ruffin Ridley: Racismo realmente empobrece as pessoas. Geralmente é um pensamento que se limita a personalidade, um campo mais abstrato. Porém neste conto é literal. Dá para entender a dúvida visto o contexto e o momento que se desenrola, mas ainda sim seria uma mudança de vida significativa em outras áreas e a decisão é difícil de tomar para uma pessoa que podia não ter dinheiro, porém tinha sua branquitude. Um privilégio difícil de largar.


"Decadência", Inio Asano: Interessante como o Asano gosta de refletir sobre momentos da vida das pessoas e, às vezes, parece até fazer essa avaliação da própria carreira. Não sei quanto disso ele passou para Decadência, mas o nome é bem apropriado para o que encontramos nas páginas do mangá. O protagonista é um mangaká prepotente, egoísta e se acha superior, mas não consegue mais criar como antes e a vida pessoal dele está em ruínas. É incômodo, doloroso, e ainda conseguimos achar que ele buscou tudo aquilo pela atitudes persistentes, mesmo depois de passar por tantos momentos ruins.


"Heroes", Inio Asano: Eu sustento minha opinião que esse mangá parece roteirizado com base em briga do twitter. Brincadeiras à parte, tem algumas discussões que realmente são iguais as bobagens pelas quais as pessoas acabam se agredindo verbalmente na rede social e o todo é uma crítica bastante forte sobre relacionamentos, vivência em sociedade e a fragilidade das ligações interpessoais.

Espero que as leituras de vocês sejam as melhores possíveis!