sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

RESULTADO DOS DESAFIOS LITERÁRIOS 2024

Feliz ano novo, pessoal! Será que eu preciso dizer que 2024 foi um ano bem ruim em termos de leitura para mim? Não falo de qualidade, mas de quantidade de livros e postagens no blog. Sinto que minha vida anda bem desorganizada no geral e isso impactou bastante nas postagens e nos desafios que me comprometi em fazer durante o ano. De qualquer forma, quero compartilhar com vocês o panorama geral de leituras.

Foi o quarto ano em que escolhi minhas leituras levando em conta, além de autores não brancos, a origem dos autores. Por minha leituras terem caído em 2024, acabou que só consegui ler 21 países, 05 a menos que 2023 e isso me deixou triste. Eu tinha sonhado em chegar aos 30 países e olha o que deu. EUA continua sendo meu país mais lido e é difícil mudar isso pois muitos dos autores negros que leio são de lá. Ainda sim gostaria de aumentar as leituras do continente africano e sul-americano, em especial o Brasil, meu segundo país mais lido. 

Li em 2024 o total de 58 livros e 66 mangás/ HQs. Desses 58 livros,  56,9% foram de autoras femininas, 67,2% foram de autores não brancos (44,8% de negros, 20,7% de asiáticos amarelos e 1,7% de indígenas, um número que precisa urgentemente melhorar).

CLUBE DO LIVRO 2024

O décimo quarto ano de Clube do livro teve muitos personagens irritantes, livros clássicos antigos e alguns modernos e rendeu, como sempre, debates cheios de visões diferentes e com paralelos com o mundo atual. 

Janeiro: Hamlet, William Shakespeare
Creio que sempre vou falar a mesma coisa, mas todo livro do Bardo parece me ganhar mais depois do debate e do contexto histórico. Sempre tem mais do que aparenta numa primeira olhada. 

Março: O conto da aia, Margaret Atwood
Esperava um pouco mais do desenvolvimento, mas é assustador como as coisas que acontecem estão mais próximas da nossa realidade do que pensamos num primeiro momento. Foi difícil ler e pensar que as pessoas achavam que estava tudo bem ser daquele jeito. 

Maio: Blade Runner, Philip K. Dick
Mais um caso onde o debate melhora o livro. Não é uma leitura difícil exatamente, mas os personagens são tão irritantes e os humanos são mais desumanos que tudo. Muitas vezes torci pelos robôs e pelas pessoas desfavorecidas. 

Julho: Salmo para um robô peregrino (Monge e o Robô # 1), Becky Chambers
Foi quase uma continuação do clube anterior, onde mais uma vez humanos e robôs estão em situações onde saber o propósito da existência e os limites são o tema da vez. Aqui pude gostar mais dos personagens e minha irritação era mais pontual com algumas reflexões desnecessárias. 

Setembro: Cândido, Voltaire
Sinto que esse ano me irritei demais com os personagens e a positividade tóxica do Cândido me deu nos nervos. É uma leitura simples, mas tem muita referência histórica e muitos pontos a se discutir, pena que "as coisas acontecem da melhor forma e no melhor dos mundos" me tirou do sério e reclamei bastante no debate (hahahaha). 

Outubro: Frankenstein, Mary Shelley
Foi o melhor livro do clube no ano e os temas são ótimos. Creio que ver toda a arrogância do Frankestein em criar um ser e depois fugir de suas responsabilidades sobre ele pode ser lido e transportado para várias situações atuais e esse tipo de pensamento só melhora a experiência de leitura. 

#BINGOLITNEGRA 2024

Eu falhei tão epicamente esse ano no bingo que nem queria encarar falar dele, mas o post sobre vocês encontram aqui.


Nacional: Canção para ninar menino grande, Conceição Evaristo - Lido!

Publicado em 2024: A despedida de Flor, Elizabeth Acevedo - Não li.

Espaço livre: Precisamos de novos nomes, NoViolet Bulawayo - Li somente 25%.

Protagonista LGBTQIA+ : Nada digo de ti, que em ti não veja, Eliana Alves Cruz - Lido!

Autora mulher: Elos da mente (O Padronista #02), Octavia E. Butler - Lido!


DESAFIO IMPRESSIONE-SE


O desafio foi criado pela Maria do Impressões de Maria e durou todo o ano. Não escolhi os livros participantes com antecedência, fui determinando os livros de acordo com o tema e as sugestões que Maria enviava. Me enrolei bastante com o desafio a partir de Outubro, mas corri atrás do prejuízo em Dezembro. O desafio consiste em ler autores não brancos (negros, asiáticos e indígenas).

01. Um livro premiado: 
Eu, Tituba - bruxa negra de Salém, Marise Condé: Quem diria que a minha primeira leitura de 2024 fosse um livro tão bom? Nunca me aprofundei sobre nada que aconteceu em Salém e eu não imginava que tinha uma pessoa negra no meio de tudo isso. A autora misturou o pouco documentado sobre Tituba e enriqueceu o enredo com uma recriação dos seus dias. 

02. Um livro que é a primeira publicação de quem escreveu
A filha da Deusa da Lua, Sue Lynn Tan: Foi interessante conhecer a escrita da autora e ver coisas da cultura dela nas lendas que ela trabalha no livro. Em alguns momentos achei a protagonista muito "dou conta do que vier" demais, mas fiquei curiosa para o segundo livro.

O cozer das pedras, o roer dos ossos, Patrick Torres: A escrita doPatrick é muito poética e tornou o enredo ainda mais profundo. Muitos dos elementos que ele usa me fez ter uma certa identificação porque estão presentes na cultura do sertão nordestino, ainda que com algumas variações. Foi tão belo quanto triste.

03. Um livro protagonizado por uma mulher
A biografia da minha mãe, Jamaica Kincaid: Tem livro que é desconfortável de propósito e isso faz o enredo ser mais impactante. Mulher sempre tem uma vivência mais difícil em qualquer cultura ou lugar, mas ver que isso vem de tão nova acrescenta uma camada maior de indignação. 

04. Um livro que aborde religião/espiritualidade
Não tão branca, Jessie Fauset: A religião se fez mais presente por conta das crenças da protagonista e da família dela. Aqui temos um enredo marcante sobre colorismo e passabilidade, e a forma como isso atinge as pessoas negras. Li numa época muito atarefada e levei tempo demais lendo, mas gosto da abordagem e do caminho que a autora escolheu para contar a trama.

05. Uma história em quadrinhos
Rosa de Versalhes #01, Riyoko Ikeda:
Um clássico dos mangás feitos para meninas/ mulheres foi minha escolha para Maio e não somente o primeiro volume como toda a série de 5 mangás é maravilhoso. Além das referências históricas, gosto como Oscar é uma personagem que quebra os padrões de gênero. Pensar que foi escrito em 1970 só deixa tudo melhor.

06. Um livro com vivências de pessoas LGBTQIAP+
Um traço até você, Olivia Pilar:
Foi uma leitura gostosa de fazer e amei como a Olivia mostra duas vivências negras diferentes, mas como podem acrescentar na vida uma da outra. Também gostei de ver que, mesmo o relacionamento das protagonistas tendo um peso maior na trama, não deixou de abordar questões que, infelizmente, serão sempre presentes na vida de qualquer pessoa preta. 

07. Um livro ambientado em escola ou faculdade
Se você pudesse ver o sol, Ann Liang:
Foi um livro gostosinho de ler. Tem como base uma garota pobre numa escola rica e seus desafios para continuar estudando lá e ter uma educação que a ajude a subir de vida no futuro. O tema me pegou muito e gostei da construção da trama, somente a resolução de um aspecto ficou muito a desejar. 

08. Um livro de um autor que você nunca leu
Os da minha rua, Ondjaki: Quantas semelhanças com o Brasil! E quantas ligações com Portugal. Falar de crescer em um país colonizado e as barreiras que isso levanta, e ainda sim falar da própria cultura e a ligação com outros países foi bem interessante de ler. 

A inconveniente loja de conveniência, Kim Ho-Yeon: Entre os livros de ficção de cura que li, esse foi o mais fraco. Acho que foi simplista até demais e acabou não dando muita confiança ao leitor nas resoluções que apresentava. Ainda sim pretendo ler o segundo.

O Karaíba - Uma história do pré-Brasil, Daniel Munduruku: Foi meu único livro de autoria indígena do desafio e esse ponto eu quero melhorar em 2025. Meu primeiro contato com a escrita do Daniel não poderia ser melhor e a leitura foi cheia de cultura e história dos povos indígenas, além de ter uma ótima trama.

09. Um livro escrito ou protagonizado por pessoa trans
Miá, Hel Macêdo: Foi um conto simples, mas muito tocante. Às vezes uma coisa aparentemente pequena faz uma diferença enorme e Miá está em um momento assim. Adorei os comentários do pai, a rede de apoio maravilhosa que ele é. 

10. Um livro narrado por uma criança
Com que penteado eu vou?, Kusam de Oliveira: Li atrasado, mas gostei demais da experiência. Fui lendo em voz alta para meu sobrinho de 5 anos e mostrando as origens dos nomes, os penteados e fomos comentando. Arte e escrita lindos.

11. Um livro de autoria do continente africano
As alegrias da maternidade, Buchi Emecheta: Li em Dezembro, porque não deu para encaixar na agonia que foi Novembro, mas que enredo forte, doloroso e revoltante. Buchi Emecheta sempre consegue misturar sua vivência com as tramas dela, e torna tudo ainda mais pesado.

12. Um livro escrito ou protagonizado por uma pessoa PCD:
Um sinal de Afeto #02, suu Morishita:
  Li o segundo volume do mangá para este desafio e acho maravilhoso porque é sobre a vida de uma moça surda vivendo sua juventude e as experiências amorosas dela na faculdade, construindo amizades e relacionamentos, tendo experiências que muitas vezes são negadas aos indivíduos PCDs.

Espero melhorar minha disposição para leitura e para postagem também esse ano. 

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