terça-feira, 28 de junho de 2022

Lemos na Fábrica: Maio 2022

 O mês de Junho está super estranho para mim e ainda tive a maravilhosa ideia de ficar doente em pleno feriado de São João. Atrasei tudo que é postagem, leitura, drama para assistir... Próximo mês vocês verão o estrago. Enquanto isso, meu Maio foi ótimo e fiz leituras bem diversas.

"Viúva de Ferro (Duologia Viúva de ferro #01)", Xiran Jay Zhao: Zetian é uma personagem que expõe todo o sentimento de injustiça, revolta e perda diante de uma política que mata, humilha e descarta mulheres em prol dos próprios objetivos e em detrimento dos homens. Torcia cada vez mais para ela ser a Viúva de Ferro e conseguir derrubar todo o sistema, mesmo imaginando a jornada difícil que ela teria pela frente. A mistura entre tradição e futuro, costumes e tecnologia também se faz presente e foi ótima para o enredo, já que deixa mais evidente todo o machismo existente no sistema de pilotos e a necessidade de acabar com esse ciclo. Resenha aqui.


"À procura de nunca ser fim", Andreza Crispim: A poesia de Andreza perpassa sua vida como escritora e psicóloga, sem deixar sua vivência pessoal de fora. Os textos que mais gostei foram sobre o relacionamento dela com a escrita e os ligados a vida familiar. São poesias que conseguem tocar e emocionar mesmo quando a vivência é diferente, amei ver como ela se mostra em cada um deles e como refletem a pessoa que ela é. 

"Transformando garotas em monstros", Amanda Lovelace: Amanda volta a falar de relacionamentos abusivos e como eles minam a confiança da mulher, sempre se achando menos do que é e aceitando menos do que merece. Ela nos guia desde o começo do relacionamento, passa pela toxicidade dele, a dificuldade do momento de libertação e o encontro com um novo caminho. Como sempre a autora consegue me passar uma mistura de entendimento, medo do que quase nos tornamos e empatia (combinada com muita revolta) por aquelas que passaram por tudo isso e ainda lutam para se reerguer.


"Meu corpo minha casa", Rupi Kaur: Rupi Kaur mais uma vez fala sobre depressão, estupro e a situação da mulher no mundo. Sua prosa poética consegue passar muito bem os sentimentos e entendemos toda a dor da depressão e ansiedade, o preconceito sofrido por quem é imigrante, a pressão sofrida pelas mulheres diante da sociedade, além de questões como trabalho abusivo, capitalismo e feminismo. Gosto principalmente como ela trata o último assunto porque penso como ela: um feminismo que não enxerga raça e mulheres trans não é um feminismo que quero participar. 


"Melisande Ou Multiplicação e Divisão (Sociedade das Relíquias Literárias #26)", Edith Nesbit : O conto de maio da #SociedadeDasRelíquiasLiterárias foi muito divertido. Melisandre tem toda a parte mágica dos contos de fadas, assim como personagens que esperamos sempre encontrar em enredos assim, porém brinca bastante com a "perfeição" nos apresentada geralmente e foca um pouco mais na parte cômica. Foi uma leitura leve, fluida e ótima para sair de uma ressaca literária.


"Quebre os Seus Sapatinhos de Cristal (Você é Seu Próprio Conto de Fadas #1)", Amanda Lovalace: O que gosto da Amanda é que ela tenta desconstruir alguns conceitos sem rebaixar a mulher no processo. Mesmo quando a temática se repete, sua visão é importante e suas palavras fazem sentido para quem é mulher, já que as vivências podem ser distintas, mas algumas experiências sempre são comuns. Não foi o melhor livro dela que li, ainda sim foi uma boa leitura.



"A mulher de pés descalços", Scholastique Mukasonga: Uma biografia da família da autora, em especial da mãe, mas escrita falando da cultura de Ruanda, como a organização social se dava e temos de plano de fundo a cruel guerra que se desenrolava no país e atingia todas as famílias. É um livro forte e com passagens muito importantes. Logo trago resenha. 


"A vinha amaldiçoada (Clube da Caixa Preta #21)", Charles W. Chesnutt: O conto me enganou um pouco porque fui esperando um enredo mais puxado para o terror e acabou sendo um pouco de realismo fantástico. Se bem que se pensarmos direitinho como o dono das terras usou o homem escravizado para ganhar mais e mais dinheiro com a condição dele, chega sim a ser um conto de terror, afinal toda a forma de escravidão é um episódio horrível a ser lembrado. Além desse fato, nosso contador de histórias foi o que mais me chamou a atenção, devido a cultura de se passar causos oralmente e vindo de pessoas mais velhas, tão comum em família e comunidades negras. 


"A visão das plantas", Djaimilia Pereira de Almeida: Primeiro contato com a escrita da Djaimilia que leio e tive um pouco de dificuldade no começo, mas depois fui me acostumando e entendendo a relação do protagonista com as plantas que ele resolve cultivar no quintal da casa de sua juventude. É interessante como vemos o passado voltar a assombrar o velho senhor enquanto ele parece lutar de alguma forma contra a própria morte e convive com seus fantasmas. Vou tentar fazer resenha.

E vocês, o que leram?

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