Por que alguém escolheria uma orquestra se pode ter uma banda de rock? Essa sempre foi a dúvida de Valentina Gontcharov. Entre o trabalho como gerente do mercado do bairro e as tarefas de casa, o sonho de viver de música estava, aos poucos, ficando em segundo plano. Até que, ao descobrir que tem ouvido absoluto e ser aceita na Academia Margareth Vilela, o conservatório de música mais famoso do país, a garota tem a chance de seguir uma nova vida na conhecida Cidade da Música, o lugar capaz de realizar todos os seus sonhos. No conservatório, Tim, como prefere ser chamada, terá que superar seus medos e inseguranças e provar a si mesma do que é capaz, mesmo que isso signifique dominar o tão assustador piano e abraçar de vez o seu lado de musicista clássica. Só que, para dificultar ainda mais as coisas, o arrogante e talentoso Kim cruza seu caminho de uma forma que é impossível ignorar. Em um universo completamente diferente do que estava acostumada, repleto de notas, arpejos, partituras, instrumentos e disciplina, Valentina irá mostrar ao certinho Kim que não é só ele que está precisando de um pouco de rock and roll, mas sim toda a Cidade da Música.
Quando comecei "Sonata em Punk Rock" foi com um sentimento de quem acompanha a autora por bastante tempo, mas na realidade só tenho lido contos da Babi. Comecei "Sábado à noite", mas não cheguei a terminá-lo, não lembro a razão. Porém a sensação de familiaridade esteve presente durante toda a leitura e o motivo é que sigo a autora nas redes sociais e ela fala muito sobre tudo que está presente nesse livro.
A Tim é o tipo de personagem que gosto de cara, pois sabe o que quer e se esforça ao máximo para conseguir. Claro que ela tem sua cota de insegurança, seus problemas familiares e financeiros, mas tenta não deixar de lado o que acredita. Seus amigos são divertidos e me fizeram rir bastante. E o que dizer da amiga por internet da Tim que mora em Recife e adora k-pop? Eu me senti representada!
Já o Kim deu trabalho de gostar dele, embora entendesse seu posicionamento frente algumas questões, em especial sua saúde mental. Só que ele exagera em suas reações em outros momentos e o ar arrogante me dava uma agonia, todavia acho que a Tim sabe dobrar esse aspecto dele muito bem.
As referências musicais são diversas e esperadas, afinal estamos acompanhando uma trama que se desenrolada numa escola de música, mas imagino que a Babi intensifica esse aspecto quando insere vários tipos, desde o clássico, o rock e até k-pop. Quem acompanha a autora sabe que ela transporta muito da sua vivência e gostos para seus livros, então essa mistura faz sentido demais.
Acho que somente um ponto me fez querer mais páginas: gostaria de saber mais sobre o Kim, sua condição mental e seu tratamento. A autora nos dá várias informações, mas esperei mais detalhes sobre isso e como o Kim entendeu que precisava de ajuda. Creio que ficou um pouquinho solto no enredo geral, mesmo sendo uma característica que marca várias passagens do personagem.
A narrativa é rápida e bem acessível, e fiquei tão curiosa sobre as decisões da Tim que não sentia as páginas passarem. Também me agradou o final: crível, com mudanças e algumas incertezas, como a vida de qualquer pessoa é, principalmente na faixa etária que Tim, Kim e companhia estão. Agora quero ler "Allegro em hip-hop" e ver se gosto tanto quanto de "Sonata em punk rock".
Sobre o livro:
ISBN: 9788582353899
Série: Cidade da Música
Volume: 01
Autora: Babi Dewet
Editora: Gutenberg
Ano: 2016
Páginas: 300
Nenhum comentário: