terça-feira, 13 de outubro de 2020

RESENHA: A troca (Intrínsecos #024)

Eileen está cansada de ter 79 anos.
Leena está cansada da vida na casa dos vinte.
Talvez seja hora de elas trocarem de lugar ...
Quando a superestimada Leena Cotton é obrigada a tirar dois meses de férias forçadas após estragar uma grande apresentação no trabalho, ela foge para a casa de sua avó Eileen para descansar um pouco. Eileen acabou de ficar solteira e está prestes a fazer oitenta anos. Ela gostaria de uma segunda chance no amor, mas sua pequena vila em Yorkshire não oferece muitos cavalheiros elegíveis.
Depois que Leena descobre a situação romântica de Eileen, ela propõe uma solução: uma troca de dois meses. Eileen pode morar em Londres e procurar o amor. Enquanto isso, Leena cuidará de tudo na zona rural de Yorkshire. Mas com vizinhos fofoqueiros e dinâmicas familiares difíceis de navegar pelo norte, e colegas de apartamento da moda em Londres e encontros online para enfrentar na cidade, colocar-se no lugar do outro é mais difícil do que qualquer um deles esperava.
Leena descobre que um relacionamento à distância não é tão romântico quanto ela esperava que fosse, e então há o irritantemente perfeito - e distraidamente bonito - professor, que continua aparecendo para superar seus esforços para impressionar os moradores locais. De volta a Londres, Eileen é um grande sucesso com seus novos vizinhos, mas será que seu par perfeito está mais perto de casa do que ela pensava?

Não me surpreendi quando descobri ser este o livro escolhido para a edição 24 do Intrínsecos. A autora ganhou todo mundo com o excelente "Teto para dois" e dificilmente não deixaria alguém curioso sobre sua próxima empreitada. E eis "A troca", com seu enredo sensível e divertido, e muito diferente do que eu esperava. 

Superação do luto é um assunto tratado no livro e realmente acho necessário demais, já que é um processo difícil para qualquer pessoa de diferentes formas. A Leena está numa fase particularmente difícil desse processo e sua vida profissional é um dos aspectos mais afetados, assim como seu relacionamento com a mãe. Vendo pelo lado de "necessidade", ela é quem mais precisa de um tempo, e a troca com a avó é uma ideia aparentemente louca, mas muito eficaz no caso dela.

A Eileen tem também seu próprio processo de reinvenção, embora me pareça menos doloroso. Creio que se deve a capacidade dela entender os outros e a si mesma, e ter honestidade para encarar seus sentimentos e seus projetos. Amei como sua sinceridade era um ponto presente, sem ser invasiva ou grosseira. Sua empatia com certeza foi umas das suas qualidades mais amadas por mim assim como sua energia boa e transformadora. 

Gosto em especial do fato de se abordar a vida numa idade onde o consenso geral é de quietude e monotonia. Os personagens idosos descritos em A troca são muito interessantes e a força principal do livro para mim. Nossa visão deles vai mudando junto com a visão da Leena e é impossível não se divertir com a diferença de pensamentos entre as duas gerações, assim como é difícil não analisar nosso próprios pensamentos sobre a vida na terceira/ quarta idade. Me vi questionando várias coisas no começo para depois me perguntar: por que não? Por que eles não podem ter uma vida ativa e feliz na idade deles? 

Neste segundo livro, a autora reforçou seu comprometimento com assuntos difíceis e, por mais divertida que a trama seja, a vida tem facetas tristes e muitas vezes, perigosas, e a Beth não foge de falar sobre isso. Interessante ver que neste livro o romance não é o aspecto mais importante, mesmo quando é um dos motivadores de diversos acontecimentos. No final gostei de ter uma impressão equivocada de como o enredo se desenvolveria, pois me permitiu aproveitar cada reviravolta plenamente e ter me apegado aos personagens. Espero que gostem da leitura tanto quanto eu.

Sobre o livro:
ISBN: 9788551005941
Autora: Beth O'Leary
Tradução: Ana Rodrigues
Editora: Intrínseca
Ano: 2020
Páginas: 352

Capa comercial de "A troca":








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