quarta-feira, 23 de março de 2022

RESENHA: Estação Onze

Certa noite, o famoso ator Arthur Leander tem um ataque cardíaco no palco, durante a apresentação de Rei Lear. Jeevan Chaudhary, um paparazzo com treinamento em primeiros socorros, está na plateia e vai em seu auxílio. A atriz mirim Kirsten Raymonde observa horrorizada a tentativa de ressuscitação cardiopulmonar enquanto as cortinas se fecham, mas o ator já está morto. Nessa mesma noite, enquanto Jeevan volta para casa, uma terrível gripe começa a se espalhar. Os hospitais estão lotados, e pela janela do apartamento em que se refugiou com o irmão, Jeevan vê os carros bloquearem a estrada, tiros serem disparados e a vida se desintegrar.
Quase vinte anos depois, Kirsten é uma atriz na Sinfonia Itinerante. Com a pequena trupe de artistas, ela viaja pelos assentamentos do mundo pós-calamidade, apresentando peças de Shakespeare e números musicais para as comunidades de sobreviventes.
Abarcando décadas, a narrativa vai e volta no tempo para descrever a vida antes e depois da pandemia. Enquanto Arthur se apaixona e desapaixona, enquanto Jeevan ouve os locutores dizerem boa-noite pela última vez e enquanto Kirsten é enredada por um suposto profeta, as reviravoltas do destino conectarão todos eles. Impressionante, único e comovente, Estação Onze reflete sobre arte, fama e efemeridade, e sobre como os relacionamentos nos ajudam a superar tudo, até mesmo o fim do mundo.

Nem lembro quanto tempo faz que tenho Estação onze na estante, mas sei que se passaram muitos anos desde o momento que adicionei o livro na minha meta e finalmente o li em Fevereiro. Combinar leitura com os amigos ajuda demais!

Foi diferente das minhas expectativas: esperava um livro mais focado nas mudanças físicas, políticas e sociais, com desenvolvimento de alguns personagens, porém o livro foca muito mais nos personagens do que na grande tragédia que culminou no mundo no qual eles vivem. Temos um panorama geral, óbvio, entendemos como tudo foi impactante e isso dá base para os acontecimentos do enredo e para o propósito da autora.

Por uma parte isso é muito bom: conseguimos ter um ponto de vista do antes da gripe se espalhar e como era a vida de cada um. Kirsten e Arthur são as pessoas que mais acompanhamos, sendo Arthur o elo entre vários indivíduos dentro da narrativa. No início eu não entendia porque era tão importante ter sua vida narrada, seus passos antes da pandemia tão em evidência, e isso vai sendo explicado aos poucos, e fiz a conexão assim que algumas peças foram encaixadas.

A Sinfonia, grupo o qual Kirsten faz parte, foi um grande atrativo pra mim. A dinâmica entre eles foi ótima de ler e supriu bastante da minha curiosidade sobre organização social/política: as responsabilidades e posições marcadas além da parte artística, as habilidades relacionadas a defesa, turnos de vigia. Encontramos tudo isso e foram partes muito interessantes.

Pena que não supriram minha curiosidade e a escolha de explorar mais os personagens tenha deixado um pouco entediante a leitura. Nem eu acredito que estou reclamando disso porque geralmente prefiro ter mais dos personagens ao mundo o qual eles vivem.

Quando as coisas começam a ter um novo ritmo, um toque até mesmo de ação, não dura muito e é resolvido tão facilmente que me vi desacreditada que era somente aquilo. Sim, foi mais culpa da minha expectativa do que da escrita da autora, afinal em nenhum momento o livro foi apresentado com o objetivo diferente, ainda sim imagino a diferença que feria ter mais elementos que enriquecessem o plot principal. Talvez tornasse o livro bom no lugar de mediano para mim.

Sobre o livro:
ISBN: 9788580577075
Autora: Emily St. John Mandel
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Páginas: 320

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