terça-feira, 5 de março de 2024

RESENHA: A República do Dragão (A Guerra da Papoula - Livro 02)

Na sequência da série best-seller A Guerra da Papoula, Rin precisa lidar com as consequências de seus atos enquanto constrói uma aliança para destruir o Império.
No Império Nikara, a guerra é o início e o fim de tudo, e a paz é apenas uma ilusão. A vitória na Terceira Guerra da Papoula foi garantida e o inimigo foi derrotado, mas as doze províncias estão afundadas em miséria, matança e destruição, prontas para retomar antigas rivalidades em conflitos locais por poder. A nação pode ruir a qualquer momento, e a esperança de salvá-la reside, mais uma vez, em uma única pessoa: Fang Runin.
Rin. A guerreira que salvou o Império. Que cometeu atrocidades inimagináveis. Que usou seus poderes xamânicos para varrer a Federação de Mugen do mapa. À noite, os gritos de suas vítimas não a deixam dormir. Para aliviar a culpa sufocante que sente e deter o fogo e a fúria da Fênix dentro de si, ela se entrega ao vício em ópio.
Embora não veja mais sentido em viver, Rin se recusa a morrer antes de se vingar da Imperatriz, a mulher que traiu a nação. Para isso, a jovem une forças com o poderoso líder da Província do Dragão, que planeja conquistar o Império, depor a governante e criar uma nova república.
Em meio a maquinações políticas, negociações militares e conspirações, Rin não sabe em quem confiar, mas tem certeza de que uma nova guerra se anuncia. E, dessa vez, a Fênix terá uma oponente à altura.
No segundo volume da trilogia best-seller A Guerra da Papoula, R.F. Kuang mostra novamente por que se tornou um dos nomes mais importantes da fantasia atual, trazendo elementos da história militar chinesa em uma trama sombria e incendiária sobre poder, loucura e as consequências devastadoras da guerra.

Quem achava que a autora ia amolecer um pouco o enredo neste segundo livro, achou errado. Ela não pega leve com ninguém e Rin, acima de todos, recebe uma carga de tragédias muito grande.

Rin não é uma protagonista fácil de gostar, o que acho ótimo. As pessoas tem nuances que nem sempre são as melhores de se lidar e ela passa por fases complicadas depois de tudo que perdeu. Uma coisa que acho interessante é que a autora não força a protagonista a ter empatia por quem ela não tem proximidade, e não acho que seja por ela ser ruim e sim porque sua carga de desgraças é tão grande que cria uma barreira.

Apesar das lutas e aspectos da guerra terem importância e serem bem trabalhadas, são as dinâmicas entre os personagens que me prendem a história. A estranha ligação entre Rin e Nezha, a integridade de Kitay, a necessidade de aceitação da Rin por parte do pai do Nezha, as ações do Cike, a questão nunca respondida de quem está certo ou errado nesta guerra.

Creio que em A república do Dragão a crítica aos colonizadores veio mais forte e com características bem presentes: a maneira que condenam a forma que vivem, como querem impor a própria fé, como todos que não a seguem são imediatamente condenados a dor. Eu lia e pensava como isso ocorreu no Brasil, na África, na própria Ásia... E como ainda tentam fazer isso com os países considerados de terceiro mundo.

Outro assunto discutido é até que ponto as mudanças de governo são realmente lutas contra um sistema ou somente uma disputa de quem vai ter o poder. Ao mesmo tempo que a Imperatriz tem ações questionáveis, vemos a dita república caminhar por águas bem turvas e, no final, quem está certo? Algum desses lados tem a razão?

R. F. Kuang não nos poupa em momento algum. Sua narrativa é forte, ao mesmo tempo que ela não tem pressa de chegar ao final, nos mostrando detalhes pesados da guerra, o luto que nunca acaba, ações e traições que vem de onde menos esperamos. Eu me vi novamente imersa na dor da Rin, nas dúvidas, na necessidade de pertencimento e na decepção. E gostei de cada segundo.

Sobre o livro:
A República do Dragão
ISBN: 9786555608397
Trilogia: A guerra da papoula
Volume: 02
Autora: R. F. Kuang
Tradução: Karine Ribeiro
Editora: Intrínseca
Ano: 2023
Páginas: 640

Trilogia:
02. A República do Dragão
03. A Deusa em chamas

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