quarta-feira, 28 de julho de 2021

Lemos na Fábrica: Junho 2021

Tentando voltar com meu ritmo de leitura. Continuo privilegiando livros curtos ou contos, pois minha atenção ainda continua bem ruinzinha, qualquer coisa perco o foco. Mas tudo que li foi ótimo, e qualidade importa bem mais que qualidade.


"As boas mulheres da China", Xinran: A terceira leitura do ano do Clube do livro foi o doloroso As boas mulheres da China. Mais sofrido do que conhecer as histórias dessas mulheres durante e depois da Revolução Cultural é perceber que seus relatos são idênticos as de mulheres em todo o mundo, onde quem deveria proteger e dar acolhimento é o grande agente agressor. Um livro difícil na mesma medida que é necessário. Resenha aqui.


"Ideias para adiar o fim do mundo", Ailton Krenak: Ailton Krenak mais uma vez enfatizando a importância de ver o ambiente como um ser que precisa de respeito, cuidado e de uma mudança de hábitos em sua utilização. É forte como ele descreve os elementos da natureza como seus próprios ancestrais e como detalha os descaso da administração governamental com a preservação ambiental através dos anos.


"Criança Zumbi (It's okay to not be okay #02)", Jo Yong e Jam San: Criança zumbi, assim como o primeiro livro da série #ItsOkayToNotBeOkay , consegue passar muito bem sua mensagem em poucas páginas. O paralelo entre a fome desmedida da criança e o que ela realmente precisava fica evidente e a arte, mais uma vez, combina perfeitamente com os sentimentos que a autora quer despertar. Resenha aqui.


O cão alegre (It's okay to not be okay #03), Jo Yong e Jam San: O cão alegre é o terceiro livro da coleção #ItsOkayToNotBeOkay e trata da liberdade e como, em alguns casos, ela pode ser alcançada quando temos coragem de seguir em frente. Como nos outros livros, a autora e o ilustrador conseguem passar a mensagem de forma simples, mas muito significativa. Resenha aqui.


"París puede esperar", Marisa Sicilia: Contos que falam um pouco de como está viver no meio dessa pandemia estão cada vez mais presentes e não foi diferente com "París puede esperar". Aqui acompanhamos o casal em fase de adaptação as restrições, com os altos e baixos pertinentes ao momento, ao mesmo tempo que analisam o relacionamento. Foi simples e tocante, mostra os problemas e percalços deles, sem deixar de lado o amor que os une. 


Sra. Spring Fragrance (Sociedade das Relíquias Literárias # 15), Sui Sin Far: A beleza desse conto está nos detalhes, em como a crítica ao preconceito se dá em pequenos momentos, assim como percebemos a diferença entre culturas e o próprio machismo. Tudo isso numa linguagem poética e aparentemente leve que descreve um mal entendido por parte do marido da Sra. Spring Fragance. O talento da autora Sui Sin Far, descendente de chineses, fica evidente.


"Formas de voltar para casa", Alejandro Zambra: Em Formas de voltar para casa, Zambra retrata dois períodos da ditadura chilena sendo a primeira quando esta estava em curso e narrada por uma criança e outra com está mesma pessoa adulta em um período pós Pinochet. O que mais pesou para mim é como passado alguns anos, já há uma relativização dos horrores da ditadura e como não pensar no Brasil de hoje com tudo que está acontecendo? O autor mostra bem esse aspecto enquanto o personagem principal presencia pessoalmente os dois lados dessa época tão obscura da história chilena.


"Seu Fortier e o Violino (Clube da Caixa Preta #10)", Alice Dunbar Nelson: O #ClubeDaCaixaPreta de Junho nos brindou com um enredo delicado onde podemos observar as dificuldades do Seu Fortier para conseguir seu sustento sem se desfazer do bem mais preciso que possui. É um conto aparentemente mais leve, porém me deixou pensativa sobre como ainda é tão comum abdicar dos próprios desejos e pertences para se sobreviver principalmente no dias de hoje. É uma realidade que não parece mudar nunca.


"Feira de São Cristóvão", Ana Rosa:  Uma história sensível, romântica e divertida que nos mostra o começo do relacionamento entre Madá e Lua. A escrita é bem leve, assim como o conto, e amei as referências, as reviravoltas da segunda parte, e como tudo flui normalmente como deveria ser com qualquer relacionamento. Escolhi bem minha #LeituraPreta do mês. 


"Arlindo", Ilustralu: Finalmente li Arlindo! A autora mostra muita sensibilidade ao desenvolver a história, inserindo elementos dos anos 2000 de forma divertida sem deixar de lado todos os percalços vividos pelo protagonista. Dificilmente alguém não se identificará com Arlindo e seus amigos porque se o leitor não passou pelo mesmo que ele, viu alguém passar. Torci muito para ele entender que é importante e que tem todo o direito de existir e viver a vida como qualquer pessoa. Terminei com um quentinho no coração e feliz por ter conhecido Arlindo. Resenha aqui.

Como foram as leituras de vocês?

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