sexta-feira, 28 de maio de 2021

Lemos na Fábrica: Abril 2021

Abril foi mais um mês que consegui ler bastante e fiquei feliz com tudo que escolhi como leitura. Não é comum gostar de tudo que leio, então só posso estar surpresa.


"O menino que se alimentava de pesadelos (It´s okay to not be okay - Livros 01)", Jo Yong e Jam San: O menino que se alimentava de pesadelos é um livro sensível sobre como todas as nossas experiências são necessárias para aproveitarmos nossos momentos de felicidade e amadurecemos. As ilustrações são lindas, o traço é maravilhoso e combina muito bem com a mensagem. Fiquei muito feliz da Intrínseca ter lançado pois queria desde que assisti o drama It's okay to not be okay. Resenha aqui.


"Space Invaders", Nona Fernández Silanes: Li Space Invaders para treinar leitura em espanhol e porque a trama se passa na ditadura chilena. Em tempos onde se pede a volta de um sistema tão arbitrário é sempre necessário que se conheça toda a destruição causada e o tempo de receio e medo que ela representa. Também tem um peso diferente por ser pelo ponto de vista de crianças/ adolescentes e pela comparação com o jogo que dá nome ao livro. A editora @editoramoinhos lança em português esse mês aqui no Brasil e pretendo reler.


"Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis: O livro é muito divertido, com alguns temas interessantes e através dele podemos falar bastante sobre a nossa existência e o que fazemos no decorrer dela. Foi uma leitura muito bem vinda nesse período de pandemia.


"O mundo está morto (Clube da Caixa Preta #01)", W. E. B. Du Bois: Continuo colocando os contos do Clube da caixa preta em dia e fiquei surpresa como o plot de O mundo está morto consegue abarcar tantos pontos importantes. A diferença de classe entre o Jim, homem  negro e a senhora branca, os preconceitos que ela e a sociedade tem como o povo preto, a pré-disposição para condená-lo quando ele somente quis ajudar. Tudo isso é colocado contra ele mesmo numa situação onde resta somente os dois. Quando a mulher branca se torna o foco da narrativa vemos a desconstrução dos pensamentos e como ela começa a humanizar a existência do Jim, o que me deixou bem chateada porque é um processo que muita gente precisa - e já deveria - ter passado.  


"Acorda pra vida", Chloe Brown (As irmãs Brown), Talia Hibbert: Acorda pra vida, Chloe Brown é um livro super divertido, com alguns clichês que amo encontrar em tramas desse tipo. Os personagens são ótimos e a Talia Hibbert se preocupa em desenvolvê-los mostrando suas dores e percalços, sem deixar de lado a ótima química ente eles. Chloe é uma mulher negra enfrentando a fibromialgia e toda a carga emocional que vem junto, enquanto Red nos mostra que relacionamento tóxico pode acontecer com qualquer um. O encontro dessas duas pessoas aparentemente tão diferentes me fez rir muito e fiquei feliz como tudo foi conduzido. Resenha aqui


"O mistério dentro de nós (Clube da Caixa Preta #8.5)", Pauline Hopkins: O mistério dentro de nós foi um pouco menos assustador do que eu pensava que seria. Esperava mais desenvolvimento da ideia principal, embora ainda tenha sido bem interessante de ler. O vídeo de apoio ajudou bastante e gostei de saber mais sobre a autora.


"Morte negra (Clube da Caixa Preta #8)", Zola Neale Hurston: No conto do mês de Abril do #ClubeDaCaixaPreta ficamos diante da religião e misticismo. Não vou mentir: eu achei bem feito o que aconteceu com determinado personagem. Pode não ser o certo, mas o comportamento dele com a amante não deveria passar em branco, principalmente por conta de como a sociedade via as mulheres e tudo o que ela sofreu diante das palavras dele. A construção do conto foi maravilhosa, fiquei tensa, revoltada e assustada (sim, eu sou mole), e todos os méritos são da autora.


"O demônio de mármore", Rabindranath Tagore: O conto do mês da #SociedadeDasRelíquiasLiterárias foi uma mistura de suspense sobrenatural com humor em grande parte por conta do final. Foi bem interessante ler algo que se passa na Índia e conhecer um pouco da dinâmica de trabalho da época. Os aspectos sobrenaturais do conto também são intrigantes e o leitor consegue acompanhar as mudanças que vão acontecendo com o protagonista com bastante facilidade. Gostei muito da escolha desse mês.


"O amanhã não está à venda", Ailton Krenak: Ailton Krenak e fiquei impactada com a força da escrita e da mensagem passada em "O amanhã não está à venda". As reflexões sobre nosso ambiente, a natureza e a pandemia foram certeiras e mostra o quanto nossa sociedade é atrasada ao não perceber nossos erros diante de tudo que está acontecendo.


"O homem que sabia javanês", Lima Barreto: Mês passado li O homem que sabia javanês do Lima Barreto para o #LeituraPreta e me diverti muito. É impressionante como o protagonista usa toda sua lábia e uns poucos conhecimentos para mudar a vida que levava até então. O melhor é que dá para fazer vários paralelos com muitas coisas que acontecem até hoje. Gostei muito.


"Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes à humanidade", Yuval Noah Harari: Uma análise muito interessante sobre o combate ao coronavírus e as decisões tomadas pelos lideres mundiais, ou a falta deles. Concordo com boa parte da crítica, mesmo que uns pontos tenham me incomodado. No geral, creio que carecemos de líderes realmente comprometidos com os habitantes de seus países. Nós brasileiros sabemos bem como é não ter alguém responsável no poder.


"A palavra que resta", Stênio Gardel: Fiquei encantada com a narrativa baseada na tradição oral e me senti escutando sobre a vida de algum conhecido, um vizinho ou amigo. As barreiras que Raimundo precisa superar para viver a própria sexualidade são grandes e todos os traumas da sua vida no interior vem junto. Stênio Gardel consegue passar todos os sentimentos de Raimundo e ainda deixa o leitor muito curioso sobre o conteúdo da carta, o que acaba nos fazendo torcer ainda mais para Raimundo conseguir viver plenamente que ele é. Resenha aqui.
 

"Dance dance dance", Haruki Murakami: Foi uma leitura que se iniciou bem devagar, mas num campo muito necessário que é lidar com o luto para se seguir em frete. Nosso protagonista parece ser um imã de gente estranha e as pessoas que aparecem e desaparecem da sua vida só destacam esse fato. Como sempre Murakami nos deu uma trama de autoconhecimento bem típico do autor e foi uma leitura proveitosa. 


"Furi Fura - Amores e Desenganos #12", Io Sakisaka: Chegou ao fim Furi Fura - Amores e desenganos e não poderia estar mais feliz pelo desenvolvimento do enredo. A evolução de Akari e Yuna foi gradual, sofrida em alguns pontos, mas a amizade as transformou positivamente e reverberou para o Rio e o Kazu. A Io Sakisaka tem uma boa visão da própria trama e sabe passar o crescimento dos seus personagens de forma muito natural. Já estou sentindo falta ao mesmo tempo que estou ansiosa para acompanhar o novo mangá da autora.


"Akira #02", Katsuhiro Otomo: Depois de bastante tempo continuei Akira e se tem algo que não podemos falar sobre o mangá é que ele é monótono. Muita coisa acontece o tempo todo e o leitor tenta acompanhar o ritmo frenético sem saber quem está correto. Claro que estou mais disposta a acreditar na Kei e no Kaneda (mesmo que não tenham exatamente o mesmo objetivo), mas fico pensando o que levou o Akira a ser tão perigoso, se não tem algum fator externo nisso, além do próprio poder. Enquanto isso, o Tetsuo parece ficar mais forte e mais desequilibrado, e suas ações neste volume agitaram a já tão dinâmica dos embates entre exército e rebeldes. E, muito antes do que previa, um dos acontecimentos mais esperados começa e estou ansiosa para ler o volume 3.


"Akira #03", Katsuhiro Otomo: Quando penso que um volume é movimentado demais vem o outro e aumenta o ritmo. Acontece tanta coisa de uma vez! É golpe militar, fuga, traição, violência... E o maior de todos os medos sendo jogado para todos os lados e eu totalmente sem entender o motivo para tanto receio. Porém chega um momento onde esses motivos são apresentados e da pior forma. Estou tentando imaginar quais serão os próximos passos de Kei e Kaneda, assim como do governo e da sacerdotisa porque me parece que nenhum deles tem força suficiente para lidar com tamanho caos.

Como foram as leituras de vocês?

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