segunda-feira, 16 de agosto de 2021

RESENHA: Em busca da feição real (It’s Okay To Not Be Okay #05)

Com personagens cativantes e uma estética inovadora, o drama sul-coreano It’s Okay to Not Be Okay (Tudo bem não ser normal) conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo e movimentou as redes sociais brasileiras a cada novo episódio lançado pela Netflix. Na produção, uma escritora de livros infantis bastante peculiar, um enfermeiro que trabalha em um hospital psiquiátrico e seu irmão mais velho, com transtorno do espectro autista, precisarão enfrentar seus traumas e medos para conseguir vivenciar o amor e criar laços.
Poéticas, impactantes e com belas ilustrações, as obras da personagem Ko Moon-young são os fios condutores da trama e encantaram os espectadores. Agora, a coleção está completa com a chegada dos dois últimos títulos. Contos de fadas modernos, essas narrativas cativantes, por vezes sombrias, abordam com honestidade temas como egoísmo, abandono, amor, empatia e felicidade.
Era uma vez um castelo nas profundezas de uma floresta. Nele viviam três crianças que tiveram suas feições reais roubadas por uma bruxa. Com o passar do tempo, elas decidem que, para serem felizes novamente, precisam recuperar seus rostos. Então embarcam em uma jornada repleta de desafios e de encontros surpreendentes, que vai lhes ensinar que para sermos felizes de verdade precisamos de coragem para nos livrarmos de nossas máscaras.

Cheguei ao último livro da série It's okay to not be okay e esse foi o que mais senti ligação com os personagens do dorama, pois justamente foi criado para falar dos três protagonistas.

Então as máscaras a que se refere o enredo é nada mais nada menos do que nossa faceta diante da sociedade e dos obstáculos que ela nos impõe. em busca da felicidade. E, para mim, a Bruxa Sombria é a personificação dessa sociedade que nos exige tanto, nos cobra tanto, mas nos dá tão pouco em troca, e, quando o faz, dificilmente é um sentimento bom.

Cada um a sua maneira, os três protagonistas (do dorama e do livro) adotam máscaras que são apresentadas aos outro, portanto a falta de comunicação entre eles é frequente por não mostrarem seus verdadeiros sentimentos. O Gang-tae do dorama - com seu sorrido sempre estampado, mas com tantas responsabilidades e dores - seria nosso menino da máscara sorridente. A princesa de lata seria a que supostamente não sente nada, mas faz muito barulho sobre tudo, igual a Ko Moon-young e o homem preso na caixa, muitas vezes limitado pela superproteção, o Sang-tae. Acho incrível como a autora conseguiu condensar as características dos personagens nessas máscaras e fez tanto sentido!

A mensagem de se dar uma chance e enfrentar os medos e limitações para ser feliz e construir um entendimento com as pessoas que se ama é clara e importante. Como nos quatro livros anteriores, Jo Yong consegue ser objetiva sem deixar o enredo cru, eu diria ser justamente o contrário: parece ter um cuidado enorme em cada palavra e o torna reconfortante.

A arte do Jam San neste livro me agradou ainda mais. Para mim tem a dose certa de conforto e aspereza que combina tanto com todos os sentimentos envolvidos. A representação para cada passo em direção à feição real- o choro, a dança e a coragem - é linda.

Fiz muita comparação com o dorama, eu sei, mas o livro tem sentido por si só, consegue entregar a mensagem a que se propõe e recomendo muito a série toda.

Sobre o livro:
ISBN: 9786555602104
Série: It’s Okay To Not Be Okay
Volume : 05
Autora: Jo Yong
Ilustrador: Jam San
Tradução: Jae Hyung Woo
Editora: Intrínseca
Abo: 2021
Páginas: 32


A série:
05. Em busca da feição real

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